Desde a criação do MDB (Movimento Democrático Brasileiro) aos dias atuais, se vão considerações infindáveis.

O regime militar brasileiro estava em franco progresso quando, o Ato Institucional 2 criou o bipartidarismo nacional, colocando de um lado a Arena (Aliança Renovadora Nacional), e do outro, o MDB.

Antigos partidos haviam caído na clandestinidade, enquanto os demais, simplesmente foram extintos.

A UDN, partido político de grande projeção pós-Era Vargas não encontrara mais espaço na nova composição bipartidária.

PTB e PSD, outras agremiações de grande soma durante os anos 50 e 60 também minguaram face ao autoritarismo vigente.

Enfim, todos aqueles que não comungavam do despotismo burguês em voga pós-1964, resolveram abrigar-se no recém criado MDB.

Desta feita, o Movimento Democrático Brasileiro tinha que ter uma flexibilidade fora do comum para agregar tamanhas lideranças de mais distintas linhas ideológicas, além de ter quase que a obrigatoriedade de respeitar as composições locais, haja vista, que seus caciques mais proeminentes estavam mais ligados às conjunturas locais do que propriamente com as questões nacionais.

A própria sobreposição do Executivo frente ao Legislativo mediante tantos atos institucionais, fez com que líderes emedebistas voltassem seu foco para uma micro atmosfera de poder, simbolizada em suas cidades ou estados.

Com a redemocratização lenta e gradual promovida pós-Geisel, o MDB começara então a volta-se para um projeto de poder nacional.

Tancredo Neves teve um papel decisivo nessa composição com os recém criados partidos após a reforma política empreendida durante a gestão Figueiredo.

Foi um dos articuladores da fusão de seu PP e o agora PMDB, assumindo a vice-presidência deste último.

Ou seja, um líder nato para uma nação que paquerava com a democracia.

Todavia, um grande infortúnio o acometera, não permitindo que este mineiro ilustre assumisse a presidência da república para qual fora eleito indiretamente.

Daí por diante, os rumos do PMDB caíra nas mãos do Dr.

Ulysses Guimarães, um legítimo visionário da Constituição de 1988.

E nessas mãos o projeto nacional peemedebista faleceu com sua trágica morte.

Desde então, os membros dessa sigla voltaram-se mais uma vez para suas composições locais, sem, contudo, perder a força legislativa inerente ao partido.

E dotado desta força descomunal, o PMDB orbita invariavelmente na esfera do poder nacional.

Assim sendo, e fazendo uma análise (ainda que prematura) conjectural para o pleito 2010, alguns líderes de hoje tentam encaixar o PMDB em seus projetos de poder.

O PT articula uma maior participação do partido no governo Lula, tentando garantir uma frágil fidelidade até 2010.

O PSDB (sigla oriunda de uma dissidência peemedebista) por sua vez tenta arquitetar uma aproximação com o PMDB partindo de estados não alinhados com a executiva nacional do mesmo (Pernambuco e São Paulo).

Ou seja, todos atrás da noiva cobiçada. É inegável que o PSDB desponta com candidatos de grande projeção nacional para pleitear a vaga eletiva mais cobiçada do país (presidência), a exemplo dos governadores Serra (SP) e Aécio Neves (MG).

Porém, esta bonança qualitativa em seus quadros pode gerar fraturas que vão muito mais além de uma simples e democrática disputa para representar o PSDB em 2010.

Isto porque, estamos tratando do elemento humano, dotado de desejos e sonhos, podendo gerar uma migração do governador Aécio para o PMDB, partido de seu supracitado avô Tancredo.

Em se confirmando esta apocalíptica projeção, o presidente Lula poderia articular uma composição de Aécio e Dilma.

Haja vista, que esta última não goza do prestígio eleitoral do primeiro e tampouco fora testada nas urnas.

Logo, conclamo aos líderes tucanos mais proeminentes, a não inviabilizarem nacionalmente a suposta candidata Dilma, para que o assédio palaciano sobre nosso governador mineiro não se torne algo tentador demais.

Afinal, depois de Dilma, o PT não teria nenhuma liderança capaz de enfrentar os postulantes tucanos.

Discordo também da proposição de FHC em reeditar o antigo café-com-leite, compondo uma chapa de Serra e Aécio.

Não devemos jamais negligenciar a força do Nordeste, sobretudo porque, foi nossa região a grande fiel da balança no pleito de 2006.

Logo, a composição de Serra e Jarbas Vasconcelos teria uma grande sinergia, como também, caberia ao senador, articular a aproximação tucana em relação à executiva nacional peemedebista e inserir de forma leve o governador Serra em nossa região.

Quanto a Aécio, homem público de grande responsabilidade e ainda jovem, seria uma solução para a continuidade da gestão Serra, isso claro, havendo a vitória deste em 2010.

PS: Professor, historiador de formação, mestre em ciência política e membro do PSDB-PE Por Evandro Silveira Neto