Mesmo acamada - a desembargadora submeteu-se recentemente a uma cirurgia para retirada de pedras nos rins - Margarida Cantarelli falou há pouco à repórter Bruna Serra, do JC, sobre o parecer do procurador regional eleitoral, Fernando Araújo Ferreira.
Ele posicionou-se contrário à cassação do prefeito eleito do Recife, João da Costa (PT) e pediu uma multa de R$ 70 mil para Costa e para o prefeito João Paulo.
Cantarelli, que será a relatora do caso - ou seja, a responsável por analisar as decisões do Ministério Público e do juiz Nilson Nery, que condenou o prefeito eleito, e assim elaborar um relatório - disse que vai se dedicar ao estudo da matéria com afinco.
Ela ressaltou a relevância da decisão de Fernando Ferreira. “É óbvio que o procurador fez o parecer com o maior cuidado, claro que o entendimento do Ministério Público, de onde partiu a ação, é muito importante”.
Mas, ainda assim, Cantarelli disse que não se sente “obrigada a seguir o procurador” e imagina que o seu relatório deverá dividir opiniões no Pleno do TRE.
Segundo contou, uma parte dos desembargadores deverá concordar com o parecer do procurador Fernando Ferreira (contrário à cassação) e outra deve acatar a condenação proferida por Nery.
Quando terminar o relatório, o parecer irá ao Pleno do TRE, que conta com mais cinco desembargadores.
Margarida Cantarelli explanará o caso e depois será aberta votação.
Em caso de empate, o voto de minerva é do presidente da Corte, desembargador Jovaldo Nunes.
PERFIL - Desde junho de 2007, Margarida Cantarelli ocupa a vaga destinada a juiz federal no TRE.
Foi nomeada para o Tribunal Regional Federal da 5ª Região por meio do Quinto Constitucional, em dezembro de 1999.
O Quinto é instrumento criado para abrir vaga, nos tribunais, para advogados e membros do Ministério Público.
A escolha é política.
Foi indicada pelo senador Marco Maciel (DEM), na época vice-presidente da República, e nomeada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Antes de ser magistrada, Margarida teve ativa participação política.
Foi do PFL, hoje DEM.
Como militante, exerceu cargo de secretária estadual da Casa Civil nas gestões de Maciel e Roberto Magalhães, chefe de gabinete de Maciel no Ministério da Educação e secretária de Educação do Recife (gestão Magalhães).
Disputou o Senado em 1986 e perdeu.