Zé Maria, da badalada pousada de Fernando de Noronha, está dando um tempo na pescaria e na hotelaria para investir agora em agricultura.

Quem vai cuidar do dia a dia da pousada é José Maria Filho.

Trata-se do maior evento da ilha, especialmente de noite, onde não há muito para onde ir. “A pousada já anda por conta própria.

Na quarta-feira passada, tivemos 50 pessoas na lista de espera”, conta o novo agricultor.

No sábado, em uma chácara em Paulista, o empresário promoveu um requintado almoço com chefes que participavam do festival gastronômico, donos de restaurantes e uns poucos jornalistas, para apresentar seu mais novo xodó, a hidroponia.

O evento era uma forma de divulgar também a marca Sempre Verde Hidrocultura.

Neste tipo de produção, nada se apóia na terra.

As culturas são criadas em baldes suspensos no ar e que recebem nutrientes e água por microaspersão.

Nem a terra é empregada, pois as sementes são plantadas em um substrato de coco.

O negócio é tão chique que tem até um berçário para as plantinhas mais novas, logo após a semeadura. “A priori, isto aqui começou como um capricho meu.

Estou vendo se transformo em negócio.

Estou há seis meses aqui e já coloquei as dívidas em dia e consegui dobrar o faturamento.

Até o final do ano, queremos elevar em 100% o faturamento, para provar que é viável e o que faltava era trabalho”, diz.

Como é muito caprichoso em tudo que faz, não há razão para duvidar da história deste dedicado pescador.

Quando cheguei ao local para conhecer a plantação, no começo da tarde de sábado, Zé Maria já estava conduzindo um pequeno grupo e divertindo a todos ao falar da importância de ter o pepino reto para conquistar mercado. “Se for curvo, o mercado rejeita.

O pepino reto vale mais no mercado, pois é mais fácil de cortar, ser fatiado”, diz, com a experiência de quem vai queimar a barriga no fogão.

Em Paulista, além de pepinos, o empresário já produz por mês 16 toneladas de frutos como tomate, beringela, pimentão, além de 60 mil pés de folhas.

Na Paraíba, em Pedras de Fogo, numa propriedade arrendada a antigos concorrentes há três anos, o empresário contabiliza 20 toneladas de frutos e 200 mil pés de folhas. “O mercado é comprador.

Hoje eu produzo e vendo 1,5 mil toneladas por mês de pimenta.

Se tivesse 3 mil, venderia”, compara.

Grandes redes de supermercado como Bompreço e Wall Mart se encarregam de desovar a produção.

Além do Recife, Natal e João Pessoa são os principais mercados para a produção.

A procura é tão grande pela produção sem agrotóxicos que as plantas não tem tempo de crescer. “Hoje, a menina dos meus olhos são os 42 mil pés de rúcula.

Tive que suspender a produção por uma semana porque, com a velocidade, elas estavam muito miudinhas”.

Na mesma zona do agrião, há seis tipos de alface por lá, além de almeirão, que nunca tinha ouvido falar nem fui apresentado.

A lista é longa e inclui de Chicória a Escarola, salsa e salsão, passando por um humilde coentro até chegar a inconfundível hortelã.