O dever da resistência Por Reinaldo Azevedo, em seu blog Inserção do PT na TV indaga se o prefeito Gilberto Kassab é casado e tem filhos.
A cidade inteira sabe que a resposta é “não” e “não”.
Então por que a pergunta? É óbvio que se tenta fazer um questionamento sub-reptício, covarde como sói na turma, sobre a sua sexualidade, que não interessa a ninguém, a não ser a ele próprio.
Seria ridículo sustentar isso ou aquilo, asseverar esta ou aquela condição.
Corresponderia a fazer o jogo da canalha que tenta transformar preconceitos em escolha política.
E se ele fosse gay?
Isso o impediria de ser o grande prefeito que é?
O PT chafurda na lama, na propaganda mais odienta, na escolha mais desprezível, na discriminação mais asquerosa.
Ao mesmo tempo em que assim procede, tenta criminalizar o DEM, como se o partido não tivesse direito de existir. É o fim da linha.
No partido de Celso Daniel, de Santo André, e de Toninho do PT, de Campinas, tudo é permitido, tudo vale, tudo pode.
Eis a campanha que está sob o gerenciamento de Gilberto Carvalho, braço direito de Lula - o mesmo Carvalho que era braço direito de…
Celso Daniel.
Alguém poderia indagar: “Mas a própria Marta não foi vítima de preconceito por ter-se separado de Eduardo Suplicy e casado com o argentino Felipe Belisário Wermus?” Eu acho que sim.
Já escrevi isso aqui.
E também observei à época que seus acertos e seus erros nada tinham a ver com a sua opção.
Mas há algumas diferenças aí.
Quem levou o drama de alcova do trio para a praça pública foi um dos vértices do triângulo: o marido agravado.
Ninguém foi escarafunchar a vida de Marta ou perguntar se ela primeiro se divorciou para, então, ficar com seu novo amor.
Mais: Belisário Wermus, que prefere ser chamado de Luís Favre, fez questão se tornar uma espécie de assessor especial de marta e de participar do debate público brasileiro.
Kassab não ofereceu a sua vida privada ao escrutínio de ninguém.
Muitos dirão que este texto não deixa de ser conseqüência da estratégia vil do petismo.
Errado.
A questão está dada.
Recebi ontem oito telefonemas de amigos - dois deles de esquerda, eleitores (serão ainda?) de Marta - que estão absolutamente enojados.
Os leitores começaram a comentar no blog antes mesmo que eu escrevesse qualquer coisa a respeito.
A campanha de Marta comete uma dupla canalhice ética.
A primeira, evidentemente, é especular, sem que lhe tenha sido dada licença, sobre a condição sexual de alguém, o que é inaceitável; a segunda é sugerir que, se fosse verdadeira a ilação, seria uma mácula.
Não!
Kassab, acreditem, não está sendo pessoalmente atingido.
Mas todos os gays do país estão.
Marta quer lhes cassar a cidadania com uma campanha covarde e homofóbica, que nem mesmo ousa dizer seu nome.
Justo ela, que iniciou a sua carreira política fazendo proselitismo entre os homossexuais.
Mais uma farsa se revela - ou uma “bravata”, para usar expressão do presidente Lula: os gays serviram para dar visibilidade a Marta Suplicy.
Agora, se preciso, ela os manda para a fogueira para conquistar os votos evangélicos.
Foram usados e agora são jogados fora.
No PT, vale tudo para se eleger.
Sempre valeu.
No dia 10 de julho de 2006, o jornal O Globo registrava uma fala emblemática.
Indagaram a Marco Aurélio Top Top Garcia, então presidente interino do PT, se não era constrangedor para Lula dividir o palanque com mensaleiros.
Sabem o que ele respondeu? “Constrangedor é não ter voto”. É o vale-tudo.
Vão silenciar?
Imaginem se um partido considerado “de direita” pela imprensa fizesse com um petista o que a campanha do PT fez ontem com o dito “conservador” Kassab?
Vocês já imaginaram a reação da imprensa e das falanges do politicamente correto?
Maria Rita Kehl escreveria, claro, um artigo indignadíssimo, mostrando quão suja pode ser a direita…
Mas, desta feita, o silêncio deve gritar a pusilanimidade dessa gente.
Porque eles não só tem o monopólio da representação de supostas minorias, como também reivindicam o direito de discriminá-las se isso for útil à sua causa.
Aliás, em matéria de preconceito, Marta está se tornando um caso de estudo.
Ontem, no debate da Band, só faltou pedir que declarem a ilegalidade do DEM.