Do JC de hoje O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reprovou o comportamento agressivo da candidata petista à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, que fez insinuações de ordem pessoal na propaganda eleitoral gratuita ao adversário e atual prefeito Gilberto Kassab (DEM).

Um dia após o locutor do programa dela questionar o estado civil de Kassab, o Palácio do Planalto desvinculou qualquer participação na nova fase de campanha da candidata.

Exibindo uma foto de Kassab em branco e preto, o locutor, num tom sombrio, fez indagações sobre o seu passado de Kassab, encerrando da seguinte maneira: “É casado?

Tem filhos?” Em viagem ao exterior, Lula avaliou em conversas por telefone com assessores que a candidata errou no tom dos ataques.

No Planalto, a preocupação é dissociar a entrada na campanha de Marta do chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, à nova fase de ataques a Kassab.

Eles observaram que Carvalho entrou oficialmente ontem na campanha e os ataques foram definidos por marqueteiros dias antes.

Tanto Carvalho, um ex-seminarista reconhecido no Planalto pela gentileza e simpatia, quanto o presidente mantêm relações de respeito com Kassab.

Antes de embarcar para a Espanha, Lula já havia se queixado do “temperamento difícil” de Marta.

Numa conversa no final de semana com o vice-presidente José Alencar e duas pessoas próximas, Lula considerou que a disputa em São Paulo está perdida e ressaltou que Kassab soube fazer política, segundo um dos participantes do encontro.

Lula citou uma polêmica recente de Marta com o pastor Samuel Ferreira, da Assembléia de Deus do Brás.

Ela entrou com um processo contra ele, porque não teria tido direito de resposta numa enquete promovida por uma rádio ligada à igreja. “Perguntaram se eleita ela iria continuar processando as pessoas.

Ela respondeu que ser errassem, iria.

Eu disse: ‘Marta, não faça isso’”, relatou o presidente.

Em junho, numa conferência de homossexuais em Brasília, Lula fez discurso contra o preconceito, pediu que as pessoas “arejassem a cabeça” e propôs o “Dia Nacional da Hipocrisia”, numa crítica a políticos “conservadores”.

Ontem, Kassab afirmou que o fato de ser solteiro e sem filhos “é uma questão de foro íntimo”, que não tem importância em uma disputa eleitoral. “O importante em relação a um candidato é o caráter das pessoas.

Se ele é solteiro, viúvo, divorciado, casado, se tem filhos ou não, é a vida pessoal de cada um.

O importante é a sua capacidade, o seu preparo, sua integridade”, disse Kassab.

Já Marta defendeu a exploração da vida particular de Kassab, segundo ela, como estratégia para o eleitor ter mais informação a respeito da biografia do seu adversário.

A petista negou, no entanto, que sua campanha tivesse feito qualquer tipo de insinuação sobre a sexualidade do prefeito. “Acredito que é importante quando se tem um candidato para um cargo de tamanha responsabilidade saber da biografia dessa pessoa.

Acho importante que as pessoas conheçam o DNA de Gilberto Kassab”, disse ela.