O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) tem novo presidente.

Saiu Paulo Haddad e entrou o engenheiro Ângelo Belellis, um executivo do setor de bens de capital.

Ele prometeu que o clima pesado entre funcionários que promoveram uma greve e a direção é coisa do passado.

E que o estaleiro se aproximará de indústrias locais que poderão virar fornecedoras.

Promessa de empregos e oportunidades, o EAS foi surpreendido, no final do mês passado, com um movimento grevista por parte dos trabalhadores. “Aquilo foi um movimento político”, atacou o novo presidente, que já atuava na empresa.

Apesar dessa crítica, ele prometeu melhorar a comunicação com os funcionários para evitar novos atritos.

A qualidade da comida que está sendo fornecida no local, alvo de reclamação da greve dos trabalhadores, também deve passar por melhoras. “A comida é boa e é a que todos nós comemos.

Mas é transportada, não é feita no local.

Até o final do ano o restaurante do estaleiro estará pronto e nós vamos fazer a comida no próprio local”, afirmou.

O estaleiro está hoje 40% pronto e possui cerca de 1.400 empregados.

As chapas de aço para a produção dos dez navios Suezmax, contratados pela Transpetro, já estão sendo cortadas.

Durante coletiva à imprensa, Belellis também se mostrou otimista com as perspectivas da empresa, que acaba de receber sinal verde do Fundo de Marinha Mercante (FMM) para contratar um financiamento total de R$ 1,1 bilhão para investimento na planta industrial.

O estaleiro terá capacidade para processar 160 mil toneladas de aço e, com as encomendas já em carteira, ocupará essa capacidade com 110 mil toneladas.

Ele também revelou que a Samsung ainda não fez aporte no capital a empresa, apesar de já ter sido celebrada a associação da coreana com o EAS. “Eles estavam esperando a aprovação do financiamento no Fundo de Marinha Mercante.

Isso vai ser resolvido logo, agora que o financiamento foi aprovado”, prometeu.

A Samsung é parceira tecnológica do estaleiro e futura sócia (com 10%), junta com Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e PJMR.

A Samsung será o ideal de gestão do EAS a partir de agora, disse o novo executivo. “Eu quero me basear na Samsung. É o modelo de empresa que quero alcançar.

Eles têm orgulho de onde trabalham”, destaca.

O presidente afirmou que, no final do mês, será feita uma rodada de negociação entre a empresa e potenciais fornecedores locais. “Sou um partidário de usar a indústria local”, pregou.

Quanto à crise global, o fato de ter encomendas em carteira e financiamento generoso do FMM (via BNDES) tranquiliza o estaleiro.

O único problema é a dificuldade de cotar peças num momento de flutuação como esse e buscar recursos para capital de curto prazo.