Por Fernando Castilho, da coluna JC Negócios de hoje No meio da tempestade de notícias ruins e alarmantes que aconteceram ao longo da semana até foi possível notar algumas vozes mais comedidas (inclusive de fora do governo) de que os fundamentos da economia brasileira são bons, que o sistema bancário não tem o problema que existe noutros países e que as empresas têm caixa para financiar seu investimento no ano de forma que o impacto será menor. É verdade, mas não anuncia o que, de fato, vem por aí.
A questão não é com a situação da economia real.
A questão é como o impacto psicológico vai interferir no sentimento da pessoas que processam a economia real.
Todo mundo concorda que a montanha de dólares que acumulamos vai ser estratégica, que o controle que o Banco Central têm sobre os bancos no Brasil nos diferencia e que o próprio estágio do mercado interno (altamente comprador) é bom.
Mas tem o diabo da questão psicológica.
Notícia ruim dá audiência e gera conversa.
Anima mesa de bar, almoço de restaurante e provoca debate no fim da noite.
E a verdade é que a questão emocional está parando a economia real. É um sentimento natural do ser humano de se auto-preservar.
Começa na gôndola do supermercado, passa pela fatura do cartão de crédito, bate na idéia de trocar de carro e chega na prestação da casa.
Na empresa é hora de conferir o estoque e as prestações a vencer.
De repensar tudo o que se programou para o ano que vem e segurar o caixa.
E aí, oh… a coisa vai parando.
Parando até o negócio que não está relacionado com a crise.
Vira uma espécie de profecia que se auto-realiza. É uma coisa sem lógica, mas que já está acontecendo.