Por Isaltino Nascimento Independente do saldo das eleições ocorridas no último domingo, quem ganha neste processo são os brasileiros.

Num país em que o direito ao exercício do voto foi reconquistado há tão pouco tempo, os pleitos são a oportunidade de consolidar e fortalecer a democracia.

Esse debate é importante porque não podemos esquecer do período obscuro que vivenciamos entre a deposição de João Goulart (1964) e a eleição de Tancredo Neves (1985).

Naquela época, o regime militar cassou os direitos políticos, decretou eleições indiretas e alterou a duração de mandatos, amordaçando a liberdade de expressão do povo brasileiro.

Por conta disso, fico exultante em ser testemunha de uma eleição tranqüila, como foi esta, com a participação dos 130 milhões de eleitores que foram às urnas escolher os vereadores e prefeitos dos mais de cinco mil municípios brasileiros. É certo que ainda há necessidade de eliminar determinadas práticas irregulares, como a compra de voto ou o uso de eleitores fantasmas.

Mas não há como negar que os brasileiros estão mais conscientes da importância do seu papel na democracia, conquistando maior autonomia a cada votação.

O que dá novos moldes o perfil do eleitorado, que vai aprendendo a cobrar posturas mais éticas da classe política e a fiscalizar aqueles a quem deu o poder do mandato.

Neste processo é de vital importância o papel da Justiça Eleitoral, que com um trabalho competente e a inovação tecnológica das urnas eletrônicas, tornou a eleição do Brasil uma das mais rápidas e seguras do mundo.

E com visão apurada, estabeleceu novas regras ao jogo eleitoral, impedindo muitos dos excessos que eram cometidos pelos candidatos com maior poder econômico, como a realização de showmícios ou a distribuição de camisas e bonés.

A Justiça Eleitoral também vem dando exemplo nas campanhas publicitárias destinadas à conscientização do eleitor, como a mais recente, na qual mostra o quanto é problemático para a população fazer a escolha errada na hora do voto.

Com o eleitor mais consciente e a Justiça forte e atuante, há um melhor filtro dos candidatos, amadurecimento das instituições e maior aprendizado.

O que torna mais bonito o espetáculo da participação política do povo, que tem no voto a sua principal forma de expressão política.

PS: Isaltino Nascimento (www.isaltinopt.com.br), deputado estadual pelo PT e líder do governo na Assembléia legislativa, escreve para o Blog todas às terças-feiras.