Por Edilson Silva Passadas as eleições em Recife é hora dos balanços.

Falam muito as elites que venceram, falam também as elites que não venceram.

No entanto, todas as análises, venham de onde vier, têm que se render a um fato: a grande vitória de João da Costa.

E esta grande vitória deve ser creditada a vários fatores. É verdade que o peso de Lula e seu Bolsa-Família contaram. É verdade que a popularidade de Eduardo Campos contou também. É verdade que o carisma do prefeito João Paulo também contribuiu. É verdade que uma máquina eleitoral milionária foi montada e também contribuiu, inclusive para a adesão de muitos partidos e consequentemente mais candidatos a vereador e tempo de rádio e tv.

Mas, então, como explicar a derrota mais do que contundente de André Campos em Jaboatão, que também contava com estes fatores?

Acontece que em Recife existem fatores não presentes em Jaboatão.

O primeiro deles é um eleitorado que adquiriu a predominância de um viés progressista, que pode ser chamado de esquerda.

O segundo é um contraste claro entre passado e presente feito pela população, em prol do presente, e materializado na administração municipal atual.

Em minha opinião pessoal, estes foram os elementos definidores da vitória de João da Costa já no primeiro turno.

Para não sermos injustos com João da Costa, é notável a diferença deste com o candidato petista de Jaboatão.

João da Costa tem méritos próprios e seus marqueteiros fizeram-no capaz de sintonizar-se com o sentimento progressista predominante no eleitorado recifense, colocando num plano invisível sujeitos como José Múcio e Inocêncio de Oliveira, presentes na coalizão em torno do PT.

A estratégia da campanha petista de fazer uma espécie de plebiscito já no primeiro turno, entre as administrações anteriores e a atual, deu certo.

E deu certo porque a gestão de João Paulo, aos olhos de qualquer eleitor mais atento, é sensivelmente acima da média das anteriores.

Deu certo também por que a alternativa a esta polarização, o PSOL, não contou, ainda, com condições objetivas e subjetivas para apresentar-se com força como tal.

Logo, no confronto entre o passado e o presente, a maioria absoluta da população do Recife optou pelo que via e sentia.

Por outro lado, as candidaturas de oposição das velhas elites mostraram-se sem sintonia com o eleitorado.

Com recursos materiais e tempo de rádio e tv, não conseguiram (ou não podiam?) desvencilhar-se do que realmente são: o passado pior do que o presente, que ouso chamar de velha direita, visto que uma nova, em essência, já se estabeleceu.

O PSOL tentou heroicamente sair da falsa polarização que favoreceu sobremaneira o PT e seu candidato.

Fizemos uma campanha em prol do futuro: nem o passado como era, nem o presente como está.

Nossa absoluta falta de recursos não nos permitiu abraçar parcelas significativas do Recife, queficou mesmo à mercê das elites políticas de plantão.

Apesar de não termos confeccionado uma única bandeira, um único banner, apesar de não contarmos com um único carro de som ou mesmo bicicleta de som, apesar de não termos comitê de campanha, de não termos adesivos da candidatura, nem de peito e nem de carro, apesar de termos apenas 1 minuto e meio de guia, apesar de nossos poucos panfletos serem preto e branco,conseguimos tocar no coração e na mente de mais de 3% do eleitoradorecifense, fato que comprova nossa tese do espaço progressista predominantena cidade.

O candidato petista, mesmo representando uma coalizão conservadora,conseguiu dialogar com a consciência social mediana de nossa cidade.

Nossa candidatura, guardadas as devidas proporções, também.

Avalio que estes dois recados foram bem dados pela urnas: 1) o Recife não aceita volta ao passado sem uma batalha de grande magnitude; 2) O PSOL está plantado no coração da cidade.

Por tudo isto, muito obrigado Recife, pelo votos, pelo carinho, pelos conselhos, por ter nos proporcionado as alegrias desta campanha vitoriosa.

PS: Edilson Silva – Presidente do PSOL/PE e candidato à prefeitura do Recife em 2008.