Por Gilvan Oliveira, de Política/JC “Me surpreendeu mesmo foi o número da minha votação.” A afirmação, externada pelo prefeiturável Carlos Eduardo Cadoca (PSC), define a perplexidade estampada nos rostos de aliados, assessores e do próprio candidato com o resultado das urnas.
Todos sentiram o baque.
Se já é difícil avaliar insucessos eleitorais, analisar os 3,68% de votos válidos – pouco mais de 30 mil votos – se mostrou ainda mais duro para o social-cristão.
Tanto que na entrevista coletiva concedida para analisar o resultado das eleições não quis comentar o motivo do seu desempenho abaixo das expectativas. “A campanha foi toda propositiva.
Vamos avaliar isso (a votação e a derrota) internamente depois”, afirmou Cadoca.
Mesmo adiando a análise das circunstâncias do insucesso, Cadoca negou má condução política de sua candidatura.
Que tenha faltado mais ênfase na crítica à gestão João Paulo (PT), priorizando a campanha propositiva. “Nossa candidatura foi posicionada corretamente.
As propostas talvez não tenham sido bem absorvidas”, defendeu.
Durante a campanha, aliados cobravam um discurso mais engajado contra a gestão.
Mas o candidato manteve a linha propositiva.
Se Cadoca preferiu não se aprofundar na análise, coube a um dos mais atuantes aliados dele nesta campanha um comentário mais enfático.
O presidente estadual do PV, ex-deputado João Braga, presente à entrevista coletiva, avaliou que o fato do social-cristão ter se colocado como aliado do presidente Lula (PT) e do governador Eduardo Campos (PSB) mais atrapalhou que ajudou.
Quando o eleitor passou a identificar João da Costa (PT) como o candidato de Lula e Eduardo, prossegue Braga, a grande fatia do eleitorado que Cadoca tinha no início da campanha migrou para o petista.
Ele começou a disputa com cerca de 25% das intenções de voto. “Ficou estreito o campo (de ação).
Quando você fica com o campo muito estreito, e vai trabalhar num campo muito limitado, você tem dificuldades.
Pode ser surpreendido.
O nosso voto migrou com muita facilidade para João da Costa e nós não conseguimos recuperar o terreno”, comentou Braga, após a entrevista coletiva.
Se não se alongou ao tratar do passado, Cadoca também foi sintético ao tratar do futuro.
Garantiu que vai continuar acompanhando o desenrolar do processo de cassação contra Costa.
Disse que se reunirá com os representantes dos partidos que o apoiaram (PP, PTC, PPS e PV) para decidir para onde irá o grupo com a eleição de Costa, ou se simplesmente cada um vai seguir seu caminho.
E fez mistério sobre o seu futuro político, se fará oposição à nova gestão, já que é aliado de Lula e Eduardo. “Eu estou numa fase de transição.
A gente vai seguir em frente.
Agora não é hora de traçar nenhum plano para o futuro.
Apenas a luta continua.
Tenho mandato e terça-feira estou de volta à Câmara dos Deputados.”.
O resultado das urnas acentuou a emoção em aliados, assessores e militantes presentes à coletiva.
Até os mais experientes, como João Braga, ficaram com olhos marejados.
Cadoca esteve todos os momentos ladeado pela esposa, Berenice, e pelos quatro filhos.
Ao final da entrevista, integrantes da juventude puxaram um grito de guerra para homenageá-lo.
Ps: O vídeo acima foi divulgado no começo da campanha, ainda nas olimpíadas.