Da Revista Época Um comitê de campanha convencional tem panfletos e revistas espalhados por todo canto.

As paredes são forradas com pôsteres e adesivos.

Pulsa no ritmo frenético dos cabos eleitorais que entram e saem preocupados em ganhar votos no corpo-a-corpo das esquinas.

O comitê do candidato a vereador por São Paulo Oscar Maroni Filho (PT do B), dono da boate Bahamas, conhecido ponto de prostituição de luxo de São Paulo, tem tudo isso, mas nem de longe é um escritório político convencional.

Os pôsteres não estampam aquelas imagens enfadonhas de políticos desconhecidos, mas fotos de mulheres volumosas, nuas, em posições sensuais.

Quem está na sala de espera folheia revistas com temas mais explícitos do que aquele velho trololó eleitoral.

Os adesivos grudados nas janelas têm formato de preservativo e o slogan “sem hipocrisia” alerta que ali os pudores não são bem-vindos.

Os cabos eleitorais são moças em trajes sumários que distribuem panfletos em que o rosto do candidato é emoldurado por duas pernas femininas bem torneadas. É com essa campanha inusitada que ele pretende chegar à Câmara da maior cidade do país.

Ou pelo menos atrapalhar o prefeito Gilberto Kassab (DEM) na busca por um segundo mandato.

Maroni é desafeto declarado de Kassab.

Logo após o acidente com o avião da TAM em Congonhas, em julho no ano passado, que matou 199 pessoas, o prefeito mandou embargar as obras do luxuoso hotel que Maroni construía próximo da cabeceira da pista.

A justificativa para a interdição foi a de que o arranha-céu estava na rota dos aviões que chegam a Congonhas.

Começou ali uma briga que já passou por delegacias de polícia, programas sensacionalistas de TV e agora se desenrola na maior eleição do país. “Minha campanha é para incomodar.

Quero acabar com essa hipocrisia que está aí”, diz. “Ele (Kassab) me transformou no bode expiatório de uma tragédia, pô.

Cai um avião e o dono da boate vira o culpado?” Pouco depois da interdição das obras do hotel, Maroni foi preso, acusado de explorar prostituição de luxo em sua boate.

Ficou noventa dias atrás das grades. “Eu nunca explorei a prostituição.

Eu tenho uma boate e alugo quartos.

Agora, se uma menina vai para o quarto com um cara, eu não tenho nada a ver com o que ela combina com ele”, diz. “Sou vítima do moralismo.” Nas contas de Maroni, ele já respondeu a pelo menos dez processos em que foi acusado de explorar prostituição, mas foi absolvido em todos.

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