Essa história greve dos metalúrgicos do estaleiro tem um bastidor curioso: a empresa não conseguia descobrir quem era o tal Che Guevara que agitava nos comícios na porta da fábrica. É que o sindicalista que havia se empregado na empresa, antes de falar aos companheiros, colocava um cavanhaque e uma boina.
Na verdade, ele era careca.
Um colega dedurou o rapaz e ele acabou dançando.
O nome dele era Alex, mas a empresa buscava o nome Che Guevara nas fichas funcionais e não encontrava nada parecido.
Após o acontecimento, a empresa avalia que houve falha na área de recrutamento, pois não esperavam a infiltração de sindicalistas na área de produção.
Os trabalhadores passarem três dias de braços cruzados, mas anunciaram hoje um acordo com os patrões.
A demissão dos 48 trabalhadores que, na opinião da empresa, estavam à frente do movimento, não foi revogada.
O presidente do Estaleiro Atlântico Sul, Paulo Haddad, diz que adorou o ocorrido, apesar do desgaste de imagem, pois teve oportunidade de mostrar como a banda toca por lá e expurgar, no nascedouro, insubordinação dos empregados. “Não queremos gente insatisfeita aqui.
Ajudamos eles a partir”, comentou hoje cedo em Suape.
Na sua avaliação, foi bom a greve ter ocorrido agora, quando existem pouco mais de mil empregados operando, do que em uma época maior, de até três mil operários em ação. “Greve podemos ter todos os anos, pois todos os anos teremos negociações salariais”, diz. “Já enfretei greve com oito mil trabalhadores, não ia deixar de agir nesta”, diz o executivo.