De Alexis Stepanenko Para: Itamar Franco Caro Itamar, Tenho que tirar o chapéu para a capacidade do Presidente Lula em criar novidades sobre as coisas antigas.
Quando eu era o Ministro de Minas e Energia em seu Governo, a Petrobras já sabia da existência destas reservas que iam de Santos a Santa Catarina.
O problema é que estão a mais de 2.500m de profundidade e, hoje, foi comprovado que se encontram a mais 3.200m.
Qual era problema?
Em 1993, não havia (nem hoje há), tecnologia para se chegar a essa profundidade.
Apenas no ano passado conseguimos chegar a 2.000m, a uma pressão dágua bárbara.
Comentei contigo que tínhamos reservas, mas não tecnologia para chegar lá, mas o CEMPES estava trabalhando para conseguir perfurar a essa profundidade.
Segundo os geólogos da Petrobras nas priscas eras os continentes da América do Sul e da África se separaram.
Nesta separação a costa ocidental da África (Nigéria, Angola, Guiné etc.) ficou com o petróleo mais perto da superfície e nós em águas profundas.
Contudo, um dia chegaríamos a retirar petróleo destas nossa águas e o País seria independente.
Pois bem, ontem a Dilma anunciou essa ‘grande descoberta’, prevista para produzir petróleo daqui a 8 anos!
Essa profundidade, que nunca foi alcançada por ninguém, apresenta enormes desafios de engenharia para resolver a pressão dágua, a resistência de materiais, sondas adequadas etc.
A engenharia da Petrobras tem trabalhado nestes problemas, mas não encontrou ainda todas as soluções.
Contudo acho que estão prevendo que em 2015 terão desenvolvido e dominado a tecnologia para essta profundidade.
Hoje, a Petrobrás não tem.
Estima-se que este petróleo deve ter um API de menos de 30°, talvez 25°.
O que é isso?
Petróleo muito pesado, parecido com o da Venezuela, mais custoso de refinar, pois rende 20% de combustíveis de cada barril extraído.
O custo médio atual no Brasil, desse petróleo, para a Petrobras deve estar por volta de USD$ 12 a 13,00.
O petróleo leve, como o encontrado no Oriente Médio, rende 50% de combustíveis e custa talvez USD 1 a 2,00 o barril.
Onde se vê como é um negócio de grandes lucros movido por uma especulação desenfreada na economia globalizada.
Claro que ao preço do barril de petróleo a USD $120 a 125,00 vale a pena extrair óleo até das areias de xisto como fazem agora os canadenses.
A mídia e o povo com essa ‘descoberta’ estão euforicamente enganados.
Nem se fala mais no problema do gás.
O Sauer, que era o Diretor de Gás da Petrobras, nunca gostou de gás por ser um especialista em hidrelétricas…
Em nossa época, tivemos o pudor de não anunciar algo que era impossível de extrair, da mesma forma que nunca falamos dos 2.000 pontos de ouro na superfície que poderiam ser encontrados na Amazônia etc. e tal.
Questão de pudor e de seguir a sua orientação de não chutar a torto e a direita para não criar falsas esperanças e especulações nas bolsas de valores.
Não creio que os técnicos da Petrobras quisessem divulgar a ‘descoberta’.
Devem ter sido pressionados para dar uma noticia que acabasse com a ‘crise do gás’.
E assim vamos, no vai da valsa…
Abraços, Alexis Stepanenko PS: Stepanenko foi Ministro das Minas e Energia do presidente Itamar Franco.