Por Felipe Lima Especial para o Blog de Jamildo Após três dias, a greve dos soldadores e montadores do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) chegou ao fim.
Porém, a ferida aberta na empresa nessas 72 horas dificilmente será esquecida, fazendo com que o “sonho do estaleiro” perdesse parte de seu brilho.
Isso porque em meio as discussões salariais, uma série de denúncias foram feitas pelos trabalhadores sobre o dia-a-dia na empresa.
Desde alimentação de má-qualidade, preconceito, assédio moral, falta de material de proteção adequado, péssimas condições no transporte dos empregados e por ai vai.
O presidente da empresa, Paulo Haddad, negou todas elas.
Mas o estrago já havia sido feito.
Para se ter uma idéia da repercussão negativa que o movimento grevista provocou, a caixa de e-mails desse que vos escreve recebeu mensagens como “ainda bem que alguém falou sobre como é o campo de concentração de Paulo Haddad”.
Além de mais de um telefonema feito à redação do Jornal do Commercio para corroborar as acusações dos trabalhadores.
Pior.
Em meio ao clima tenso dos trabalhadores, algumas imagens eram dismistificadas.
Segundo os soldadores, ninguém sabe quem é a empregada Mércia Severo do Nascimento.
Pois é.
Logo ela a responsável por emocionar cerca de quatro mil pessoas durante o corte simbólico da primeira chapa de aço do EAS - inclusive nosso presidente Lula - com um discurso que dizia: “Esse é o meu primeiro emprego.
Antes eu era uma dona de casa, agora sou metalúrgica-soldadora do Estaleiro Atlântico Sul, que vai construir grandes navios.
O presidente Lula sabe o que isso significa.
Me sinto honrada em fazer parte disso, em saber que cada um desses navios terá um pedacinho de mim” Outra.
O panfleto institucional editado pela Transpetro sobre o EAS traz uma série de depoimentos de empregados que antes de conseguirem uma vaga na empresa, não possuíam quaisquer perspectivas de vida, salvos pela oportunidade oferecida pelo estaleiro.
Verdade seja dita.
A grande maioria dos trabalhadores encontra-se nessa situação.
Porém, esqueceram de mencionar que parte dos que apareciam na publicação têm até ensino superior.
Mas afinal, qual o reflexo disso?
Segunda-feira, eram eles os mais revoltados e inflamados nas denúncias feitas na entrada de Suape, quando o movimento foi deflagrado. É, soldador com 3º grau é outra história.