Da euforia à decepção passaram-se dois minutos, na caminhada que João da Costa promoveu ontem à tarde – hora do anúncio da sentença de cassação de seu registro.

Enquanto andava por Monsenhor Fabrício, Zona Oeste, o prefeiturável recebeu de assessores a falsa notícia de que o processo contra ele fora arquivado.

O petista explodiu de alegria, enquanto era abraçado pelo vice, Milton Coelho (PSB), e por candidatos a vereador. “Primeiro turno!

Primeiro turno”, gritavam políticos e militantes.

Mas logo o engano seria desfeito (o arquivamento referia-se apenas ao prefeito João Paulo), dando lugar a indignação e desânimo.

O porta a porta de João da Costa passou a ser interrompido por telefonemas de solidariedade.

O candidato antecipou o fim do evento, entrou no carro sem falar com a imprensa e rumou para o comitê central, onde à noite concederia entrevista coletiva.

A informação espalhou-se entre a militância, que seguiu em massa para o prédio da Avenida João de Barros, Centro.

Ainda em Monsenhor Fabrício, o locutor do trio elétrico conclamava o público a não se abater.

Mensagens de eleitores indignados já eram gravadas para o guia. “Justiça!”, bradou um grupo, diante da câmera.

Vereadores que acompanharam o evento não escondiam a revolta com a decisão do juiz Nilson Nery.

Usaram o discurso da vontade popular para minimizar os efeitos da sentença. “A Justiça pode ter suas interpretações, mas recebemos com estranheza.

Um caso isolado de um servidor (que estaria fazendo campanha de dentro da prefeitura) não pode penalizar uma candidatura do povo”, desabafou Henrique Leite (PT).

Passado o impacto da notícia, a temperatura subiu no comitê petista.

A ordem era manter a cabeça erguida, com força total na campanha de rua.

Em cima do trio elétrico, a esposa do prefeiturável, Marília, e a presidente do PT municipal, Karla Menezes, puxaram o coro de “Madeira que cupim não rói”, de Capiba, enfatizando os versos “queiram ou não queiram os juízes/o nosso bloco é de fato campeão”.

O prefeito João Paulo chegou depois, causando frisson entre os militantes. “Isso vai dar mais fogo.

Agora é que a militância vai para a rua, disputar todos os votos”, exclamou João Paulo ao falar aos jornalistas, sendo em seguida ovacionado pelo público.

Uma declaração de “guerra” que já havia sido interiorizada antes dos discursos do prefeito, de João da Costa e demais líderes da coligação.

Bandeiras e carros de som tomaram a avenida.

Kombis do DEM recebiam vaias ao trafegar pela área.

Durante a coletiva, transmitida para o lado de fora, a multidão aplaudia cada frase de efeito ou resposta dura.

Na hora do discurso na sacada, o clima era de querer vencer a disputa no primeiro turno.

Por Cláudia Vasconcelos, em Política