Por Ricardo Noblat, em seu blog É espantosa a capacidade dos políticos em geral, e de alguns em particular, de virar os fatos pelo avesso de maneira a se beneficiar deles - ou em certos casos de escapar de seus efeitos nefastos.

Veja o que disse o prefeito João Paulo (PT), do Recife, a propósito da impugnação pela Justiça da candidatura de João da Costa (PT) à sua sucessão: - É uma eleição golpista, de tapetão, que já anunciei antes. É uma situação de desespero, de quem está acostumado a viver na ditadura.

Então emendou: - Não existe cassação de candidatura, existe a decisão de um juiz de 1ª instância.

Cassação não é bem o termo.

A candidatura foi impugnada.

E impugnada está até que o Tribunal Regional Eleitoral do Estado delibere a respeito.

E mais tarde o Tribunal Superior Eleitoral.

A eleição não é “golpista”.

Se houve golpe, ele foi aplicado pelos funcionários da Secretaria de Educação do Recife que usaram computadores da prefeitura para favorecer a candidatura de João da Costa.

Foi a partir de uma denúncia anônima que o juiz Nilson Nery, de investigações judiciais, acionou a Polícia Federal para que examinasse a memória de 10 computadores da Secretaria de Educação.

Ali foram encontradas as provas que Nery julgou robustas para levá-lo a decidir como decidiu.

O resto é expressão do “desespero” que tomou conta do candidato impugnado e dos seus correligionários.

O que ocorreu no Recife foi uma versão local do escândalo dos aloprados - aquele que ajudou a levar para o segundo turno a eleição presidencial de 2006.

Na época, um grupo de empregados da área de inteligência da campanha de Lula forjou um dossiê contra candidatos do PSDB.

Informado, um delegado da Polícia Federal abortou a manobra.

Até ontem, João da Costa estava na bica para se eleger prefeito do Recife direto no primeiro turno.

Agora, ninguém sabe se permanece na bica ou não.

Veja quem primeiro usou a expressão aloprados aqui.