Ricardo Noblat, em seu blog Está em curso no Recife um processo exemplar de desconstrução de um fato político de grande repercussão.
Dê certo ou não - e desconfio que dará - é um caso para ser estudado pelos interessados em batalhas pelo controle das mentes e corações das pessoas.
João da Costa, candidato do PT a prefeito do Recife, estava pronto para se eleger com folga no primeiro turno.
Aí a Justiça impugnou sua candidatura sob a acusação de que ela foi beneficiada pelo uso da máquina administrativa da Secretaria de Educação do município. (Leia mais em Aloprados ameaçam no Recife a eleição de João da Costa) - Atenção!
Tentativa de golpe contra o povo do Recife.
Não se deixe enganar! - berrava, esta manhã, um locutor da campanha de João em um bairro popular da cidade. É um golpe.
Sim, a decisão judicial é apresentada como um golpe.
Para quê?
Para impedir uma vitória de João no primeiro turno que parecia líquida e certa.
Golpe contra quem?
Contra a vontade majoritária do recifense expressa nas pesquisas.
Um golpe contra o candidato de Lula, do popular prefeito João Paulo (PT) e do governador Eduardo Campos (PSB).
Quem se beneficiará do golpe?
Ora, os adversário de João da Costa que foram cúmplices no passado da ditadura militar de 64.
Prova irrecusável do golpe?
Com a palavra o candidato: - É muito estranho que na mesma hora que o juiz declarou a decisão, já tenha 100 mil panfletos impressos, carros de som gravados e guia de tv pronto.
Eu tenho dificuldade em acreditar em coincidências.
Parece mesmo um grande golpe para me antingir.
Papo furado.
Sabia-se com antecedência de mais de 10 dias que a decisão sairia ontem.
Advogados de todos os partidos tiveram acesso aos autos.
Os adversários de João estavam preparados para a eventualidade de uma condenação.
Imprimiram panfletos e gravaram peças de campanha.
No que saiu a decisão, foi desovado o que estava pronto.
A João e sua turma não importam as razões que levaram o juiz a decidir pela impugnação da candidatura.
Importa atribui-la a um golpe “contra a vontade do povo do Recife”.
A manobra poderá dar certo.
Sem ânimo para brigar por uma vitória certa, a militância do PT ganhou com a impugnação um forte motivo para pegar em armas.
Segue avançada a onda “vitimização de João”.
Se necessário, Lula dará um pulo no Recife para lo comício de encarramento da campanha do companheiro marcado para depois de amanhã.
Lula é a arma final de João e do PT.