João Paulo Maluf?

Por Edilson Silva “Eu morro e não vejo tudo”.

Esta frase era muito utilizada por minha avó materna, toda vez que ela, já bem velhinha, se surpreendia com alguma novidade.

Lendo os jornais de hoje, soltei espontaneamente a mesma frase, ao tomar conhecimento das novas declarações do prefeito João Paulo sobre o processo que corre na Justiça por uso da máquina pública em favor de seu candidato.

Vejam o que disse o prefeito de nossa cidade: “O tapetão perde a força por conta do nosso apoio popular.

Quando o povo quer, não dá para mudar”.

Em bom português, João Paulo afirma que a Lei Eleitoral e a Justiça Eleitoral terão que se curvar às frágeis pesquisas de opinião e à suposta vantagem numérica de seu candidato.

Lamentável a fala do prefeito.

Quando lhe interessa, afirma que devemos respeitar as instituições, como o fez através da imprensa no último sábado, para desqualificar nossa entrevista coletiva para tratar do mesmo tema: “Nós temos que preservar as instituições…”.

Agora, quando a água começa a lhe chegar aos joelhos, as instituições passam a ser chamadas de “tapetão”.

Mas, tão pior quanto o oportunismo e as contradições do prefeito, são os conteúdos de sua tese.

João Paulo afirma, a seu modo, que quando o povo quer, sua vontade se impõe.

Estamos, por acaso, numa moderna Arena Romana?

César, digo, João Paulo, quer manusear as leis ao sabor do humor e da emoção das arquibancadas.

Se o prefeito quer mudar as Leis, sob a batuta de maiorias, não tenho nada contra, mas que ele lidere então um movimento para alterar a legislação eleitoral, aprovando ao final que a máquina pública pode ser utilizada pelos gestores públicos em favor de seus candidatos nos períodos eleitorais.

Eu vou participar deste debate defendendo a legislação atual, mas, por enquanto, todos devem se submeter às mesmas regras, caso contrário é golpe.

Sinceramente, achei que o fundo do poço já havia chegado para os petistas no poder, depois de assumirem entusiasmados a agenda neoliberal, taxar aposentados, privatizar a floresta amazônica, liberar transgênicos, aliarem-se com Sarneys, Barbalhos e outros de tipo similar, mensalões, etc.

Ainda sobre o escândalo do uso da máquina pública, tive que escutar de um petista neste final de semana a seguinte pérola: “todo mundo rouba, mas o PT foi o único que fez”.

Triste fim.

Esse era o slogan dos malufistas nos seus “bons tempos”: “Ele rouba, mas faz!”.

Desculpem-me não ter falado no candidato oficial.

Se e quando ele resolver entrar no debate eleitoral, deixando de ser uma mera mercadoria vendida em peças publicitárias, falaremos sobre ele.

Edilson Silva – candidato do PSOL à Prefeitura do Recife