Da Editoria de Cidades do JC Depois de duas semanas de caos nas principais emergências do Estado e de mais de 70 dias de conflito, médicos e governo, enfim, chegaram a um acordo.

A partir de hoje, os profissionais, que haviam iniciado um movimento demissionário, voltam aos postos de trabalho.

A expectativa é que o atendimento nas emergências seja normalizado.

Na noite desta segunda-feira, durante assembléia da categoria, no auditório do Hospital Oswaldo Cruz, na Boa Vista, os médicos aceitaram a proposta de reajuste salarial de 61%, que será paga de maneira escalonada até junho de 2010, conforme antecipou o Jornal do Commercio na edição de segunda-feira.

O reajuste será dado em três parcelas: setembro de 2008, setembro de 2009 e junho de 2010.

Ao fim da última parcela, os plantonistas passam a ganhar R$ 5 mil.

Os diaristas, no mesmo período, vão chegar a receber 3.060.

Ficou estabelecido que, em 60 dias, a produtividade do SUS paga aos médicos terá como piso o valor de R$ 400.

Além das questões salariais, o governo se comprometeu a agilizar as melhorias das condições de trabalho.

Grande parte do documento, com 26 tópicos, diz respeito a melhor estruturação das emergências e garantias de condições dignas para o médico exercer sua atividade.

No acordo, que contou com a intermediação do conselheiro Federal da OAB por Pernambuco Ricardo Correa, o governo se comprometeu a realizar a contratação temporária, mediante seleção simplificada imediata, visando à reposição de médicos a fim de garantir as escalas integrais de plantão.

Assegurou também a garantia de resposta pela SES de todos os pontos sobre condições de trabalho, na primeira reunião mensal de acompanhamento do termo de compromisso assinado.

A Secretaria Estadual de Saúde se responsabilizou, com a participação do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), em garantir assistência de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aos pacientes graves.

O acordo começou a ser fechado no sábado e só foi concluído às 18h de ontem.

Participaram das negociações, o secretário de Planejamento e Gestão, Geraldo Júlio, o secretário de Administração, Paulo Câmara, o procurador-geral do Estado, Tadeu Alencar, o secretário-chefe da Controladoria-Geral do Estado, José Ricardo Wanderley, membros do Simepe, do Cremepe e do Conselho Federal da OAB.

A aprovação da proposta, construída em conjunto entre o Simepe e o governo, não foi unânime.

Um pequeno grupo de médicos votou contra.

Queria diminuir o prazo do escalonamento do reajuste oferecido.

O vice-presidente do Cremepe, André Longo, chorou ao dizer que o movimento não cobrou apenas melhoria salarial. “A gente não quis apenas salário como quiseram fazer a população acreditar.

Queremos melhoria nas condições de trabalho também.” O presidente do Simepe, Antônio Jordão, disse que a luta não pára. “Vamos batalhar para que o governo cumpra tudo o que acordou.” O presidente da OAB-PE, Jayme Asfora, foi o mais aplaudido durante a assembléia.

Visivelmente emocionado, disse que o governo o rejeitou como intermediador e lembrou que, no ano passado, foi um dos principais responsáveis pelo entendimento entre os dois lados.

Em sua fala, declarou que estava com vergonha do Ministério Público de Pernambuco e chamou o procurador-geral de Justiça, Paulo Varejão, de “laranja do Executivo e preposto do governador Eduardo Campos”.

Asfora foi ovacionado e aplaudido de pé por todos os médicos presentes.