Depois de um longo debate, o Parlamento do Mercosul aprovou, na noite dessa segunda-feira (15), projeto de declaração que pede o respeito às autoridades constituídas na Bolívia, o repúdio a qualquer tentativa de rompimento institucional, o fim da violência no país e a habilitação de um canal de diálogo permanente entre o presidente boliviano Evo Morales e seus opositores.

O projeto, apresentado conjuntamente pelo senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) e pelos parlamentares argentinos Ruperto Godoy e Beatriz Rojkes, foi aprovado por 37 votos a dois.

A falta de um consenso a respeito da crise política na Bolívia quase evitou que o parlamento pudesse colocar o projeto de declaração em votação.

Em uma primeira votação, a proposta de inclusão do projeto na Ordem do Dia recebeu apenas 33 votos favoráveis, além de seis abstenções, quando necessitaria de 37 votos - ou a maioria absoluta do Plenário.

Foi apresentado então um pedido de nova votação, onde a inclusão da proposta recebeu 39 votos, dois a mais do que o necessário.

A votação do projeto de declaração foi feita em duas partes.

Inicialmente, foram aprovados, em conjunto, os cinco artigos do texto, dos quais quatro tratavam da crise na Bolívia.

Em uma segunda votação, foi retirado - por 17 votos a 16, além de seis abstenções - o quinto artigo, que determinava o “repúdio ao processo de militarização da região por tropas estrangeiras”.

Esse artigo havia sido incluído a pedido do parlamentar Pablo Iturralde, do Partido Nacional do Uruguai, de oposição ao governo da Frente Ampla, de esquerda.

Ele pretendia demonstrar sua insatisfação com a presença de aviões e navios russos na Venezuela, para manobras militares previstas para novembro.

Em resposta, o parlamentar Roberto Conde, da Frente Ampla, solicitou a votação em separado do artigo e, dessa forma, obteve a sua exclusão do texto final.

Na justificativa da proposta aprovada, os autores lembram as tentativas de “desestabilização institucional” na Bolívia e alertam para a necessidade de retorno da paz e da plena vigência das instituições democráticas, “único caminho que permitirá derrotar definitivamente os verdadeiros inimigos desse país e do conjunto dos Estados da região sul-americana, que são a pobreza e a exclusão social”.

Da Agência Senado