Prezado Jamildo, Os Estudantes de medicina da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE gostaríamos de parabenizar o Sindicato dos Médicos de Pernambuco – SIMEPE – e manifestar nossa gratidão pelo esforço realizado para a melhoria da saúde pública do nosso estado e por melhores condições de trabalho para nós, futuros médicos, que seremos vítimas desse novo modelo de gestão que o Sr Eduardo Campos pretende implantar.

Enche-nos de orgulho, saber que a prepotência e o despreparo desse governo ao negociar com a classe médica tenham demonstrado a força destes profissionais e estimulado novos deles a aderirem ao movimento.

Se de um lado enfrentamos a angústia de saber que grandes nomes da medicina em nosso estado estão se demitindo dos serviços públicos e que nós, futuros médicos, talvez não tenhamos mais os grandes preceptores de sempre, de outro há a satisfação de saber que a cada vez que o governo se nega a negociar outros profissionais se sentem motivados a não conviver mais com essa situação e decidem por se demitirem.

A preocupação maior reside no fato de que grande parte desses profissionais são pessoas que não dependem dos “enormes” salários oferecidos pelo governo do estado, já que lidam com filas quilométricas em seus consultórios particulares de pacientes que aguardam meses para serem atendidos.

Esses profissionais trabalham em nossos serviços públicos por amor à medicina, pela vontade de ensinar, pelo bem da ciência.

Até quando não estará ferido o ego destes profissionais?

Qual o limite para que essa situação não seja irremediável?

Este é um assunto sério, já que representa um prejuízo incalculável para o ensino médico em Pernambuco, uma vez que o governo que ai está certamente não dura mais que 4 anos, mas a formação médica em nosso estado ainda há de durar milênios.

Não queremos envolver no mérito da questão as péssimas condições a que estão submetidos os estudantes que são jogados todos os dias nos hospitais públicos do estado, bem como a falta de alimentação, de dormitório, entre outros, porque isso se comparado às condições precárias de atendimento que recebe a nossa população é insignificante.

Vivemos sob exposição diária a infecções, em contato com secreções de pacientes que sequer conhecemos a procedência, passamos inúmeras noites sem dormir, mas nada disso se compara à dor de uma mãe que perde seu filho que sofreu um acidente e foi colocado num respirador, que por falta de manutenção deixou de funcionar.

Tão cruel quanto enfrentar essa realidade no nosso dia a dia é perceber como a nossa questão - a vida humana - é tratada com desprezo pelo governador do estado, que parece ter apoio de parte da imprensa e daqueles que deveriam representar a voz da justiça e lutar pelos direitos dos que não têm condições.

O Sr Eduardo Campos, afirma que a classe médica não quer negociar, mas quando se espera que ele, como chefe de estado, esteja à frente das negociações, deixando de lado o totalitarismo e prepotência do seu vice João Lyra Neto, vemos notícias como esta do seu blog: “Eduardo Campos entra de cabeça na disputa eleitoral das eleições municipais a partir de hoje”.

Mais uma prova de que pra ele a situação do nosso estado está muito boa e que sua prioridade sempre foi e sempre será o discurso político, assim como o foi há 2 anos quando se elegeu prometendo à nossa população a construção de 3 grandes hospitais de emergência no nosso Estado.

Metade do seu governo já se passou… e até agora, o que tem feito Eduardo pela Saúde?

Oferecer gratificações (que qualquer um pode tirar) parceladas ate o ano de 2010 (em que certamente ele nem será mais governador, QUEIRA DEUS!) e não propor soluções objetivas para resolver o descaso com a saúde do nosso estado (já que ao nosso ver a privatização da saúde pública não resolve a questão) é muito pouco para quem se diz não estar de braços cruzados.

O governador ao afirmar que está preocupado em apoiar seus candidatos na eleição pra prefeito reafirma a sua falta de compromisso com a população, que sofre sem segurança, saúde e educação.

Para concluirmos, queremos agradecer pelo apoio que você tem dado ao povo pernambucano e parabenizar mais uma vez o nosso sindicato, assim como os demais profissionais da área da saúde que nos últimos dias também têm se mobilizado a fim de não aceitar passivamente as imposições daqueles que governam o nosso estado.

Nós, estudantes, e futuros profissionais da área de saúde, estamos engajados nessa luta que também é nossa e repudiamos fortemente as atitudes do governo Eduardo Campos que não pode ser chamado de outra forma, senão ditador!

Se já não bastassem as semelhanças entre as nossas condições de trabalho e a vida de um escravo não há como compreender que em pleno século XXI um ser humano possa ser proibido de pedir demissão do seu trabalho.

Estudantes de medicina da UFPE 15 de setembro de 2008