Por Edilson Silva Em tempos de vale-tudo na política, de máquinas milionárias envolvidas no processo eleitoral, não podemos de forma alguma confiar em pesquisas de opinião de voto.

Portanto, não é baseado nas pesquisas que faço esta reflexão.

Reflito sobre a tentativa descarada de alguns setores envolvidos na disputa, incluídos aí parte da mídia, de colar no imaginário popular que o candidato oficial da gestão municipal vai ganhar a eleição já no primeiro turno.

Se esta hipótese, que acho improvável nas condições normais de temperatura e pressão, viesse a se confirmar, estaríamos diante de um duro golpe na minguada democracia que nos resta.

Seria o sucesso de uma fraude, e os fraudadores estariam convencidos de que valeu a pena fraudar e, portanto,continuar fraudando.

A gestão atual cometeu variadas formas de delito.

Até a Polícia Federal teve que entrar em cena.

Teve a revistinha do OP, a Qualix, a Finatec, etc.

Teve também as obras desnecessárias, ou não prioritárias, para sermos generosos: calçadão de Boa Viagem, Dona Lindu, Túnel do Pina, etc, e ainda o dinheiro queimado ao vivo e a cores na Marquês de Sapucaí.

E tem mais: pior ensino básico entre todas as capitais do país e capital mais violenta do Brasil.

Eu não espalho isto por aí, pois amo esta cidade, mas desconheço outra capital em que as áreas centrais da cidade se transformem regularmente numa verdadeira fossa a céu aberto.

Para completar o quadro, a cereja no bolo: o candidato oficial.

Não, ele não é um personagem que brotou das lutas dos movimentos sociais.

Não, não se trata de uma liderança popular.

Não, ele não se notabilizou por sua atuação parlamentar.

Não, ele sequer algum dia foi uma liderança pública de seu partido, ou mesmo de uma das tendências de seu partido.

Sim, ele é uma cria genuína dos gabinetes da burocracia petista, ou melhor, de um setor da burocracia petista, tanto que outros setores só permitiram-no “vir ao mundo” a *fórceps. *Seu grande feito, segundo seus apoiadores, foi ser o animador do circo chamado Orçamento Participativo, que a meu ver é maior fraude da gestão municipal, e auxiliar de João Paulo, o prefeito, desde o começo dos tempos, ou seja, um homem dos gabinetes.

Seria cruel para a democracia em nossa cidade que este enredo fosse coroado com uma vitória em primeiro turno.

A já conhecida e insuportável arrogância dos absolutistas petistas seria elevada à enésima potência.

Pobre dos movimentos sociais!

Pobre dos moradores de Boa Viagem que verão talvez o Centro Comercial Dona Lindu ampliado para cima e para os lados!

Quantos outros túneis teremos que pagar ligando o nada a coisa alguma?

Que felicidade para as empreiteiras!

O segundo turno, nestas eleições, cai bem e é uma necessidade para a nossa democracia, no mínimo como sinal de alerta, como sinal de que não se pode fazer tudo impunemente, de que a cidade pulsa, pensa, reflete, está viva, e não se submete cegamente à unipolaridade desejada por uns ou a falsas polarizações tentadas por outros.

O PSOL está fazendo a sua parte.

Presidente do PSOL/PE e candidato à prefeitura do Recife