Por Rodrigo Buarque Ramos O termo “grampo telefônico” incorporou-se nos últimos tempos ao noticiário.

A mídia tem destinado largos espaços à “grampolândia” que assola a crônica empresarial, política e policial.

O “grampo” nos remetia, antes, a filmes, novelas, falcatruas do colarinho branco ou ainda às conversas de traficantes.

Passou da ficção à realidade.

Com a velocidade da internet.

Autoridades brasileiras desconversavam sobre o tema.

Até que elas mesmas foram grampeadas.

O mundo caíu!

Mas, a agilidade da comunicação, da tecnologia sobretudo, aponta para novos desafios a serem enfrentados por aqueles que se preocupam com a privacidade do cidadão.

Após o “grampo telefônico”, um novo termo invadirá a mídia.

O “grampo de email”.

Acostumamo-nos a ver no noticiário a polícia removendo computadores e pendrives das empresas investigadas.

Este texto não tem a pretensão de questionar o trabalho da polícia.

Estamos levantando aqui a bandeira da invasão de privacidade.

Nesse âmbito, podemos enumerar vários e vários questionamentos: - Para onde vão as as informações apreendidas? - Quem tem acesso a elas? - Como fica o sigilo de quem não está sendo investigado? - O acesso dos perítos ao material é gerenciado? - Após o processo, o que acontece com essas informações? - Existe algum filtro para eliminar as informações que não têm relação com o crime em questão? - Para onde vão, por exemplo, as fotos dos familiares do investigado que estão no HD capturado pela polícia? - Como ficam as conversas sigilosas e muitas vezes sensíveis com médicos, clientes, sócios, parceiros, amigos … e que não têm relacão com a investigação?

Podemos levantar infinitas questões, ao nos colocarmos em lugar de um cidadão envolvido indevidamente numa investigação policial, mesmo que autorizada pelo Judiciário.

Para um problema antigo como esse, existe uma solução também antiga e se chama Criptografia.

Hoje, é possível instalar um software em alguns modelos de celulares que possibilitam a criptografia das conversas, tornando assim o trabalho dos “arapongas” praticamente impossível.

No mundo dos computadores, sejam eles servidores ou estações de trabalho, é possível criptografar documentos, pastas, áreas específicas do HD ou até mesmo todo o HD com o sistema operacional e tudo o que tiver instalado nele.

O objetivo da criptografia é “embaralhar” uma informação, tornando-a ilegível para quem não possui a chave e um software específico.

A criptografia precisa ser vista com bastante atenção pelos legisladores brasileiros.

O momento é mais do que oportuno.

Rodrigo Ramos é sócio-diretor da Triforsec, empresa especializada em segurança da informação.