Jamildo.

Discordo dos termos do post publicado em seu blog minutos atrás, contestando a decisão do Poder Legislativo de homenagear o ex-governador Miguel Arraes com a designação do edifício-sede da Agência Reguladora de Pernambuco-Arpe.

Em primeiro lugar porque a homenagem é merecida.

Miguel Arraes, por sua trajetória de vida e sua dedicação ao povo, conquistou um lugar na história e no coração dos pernambucanos, que o elegeram três vezes governador do Estado.

Firme na defesa do que acreditava, foi deposto, preso e submetido à provação do exílio.

Por tudo isso, merece a homenagem proposta pelo deputado Guilherme Uchoa e muitas outras.

Discordo também porque entendo ser o culto aos grandes homens, o respeito ao exemplo que legaram, elemento fundamental de cultura cívica, cidadã.

Esta, aliás, é uma das características mais marcantes dos Estados Unidos da América, que extrai da reverência aos heróis e à bandeira nacional muito da energia que faz dele o país mais poderoso do mundo. É só ir a Washington e ver que os pais da pátria americana são celebrados em templos.

O Brasil não segue este exemplo, ainda que siga tão fielmente outros hábitos norte-americanos.

Brasília tem panteão para o JK que a construiu, não para o presidente que consolidou a industrialização do Brasil.

Neste aspecto, Pernambuco é ainda mais radical: se Petrolina fosse uma cidade baiana, sem dúvida chamar-se-ia Nilo Coelho; se Serra Talhada pertencesse ao Ceará, há muitos anos teria sido rebatizada de Agamenon Magalhães.

Pernambuco é diferente, mas, em ambos os casos, seriam homenagens justas.

Portanto, Jamildo, homenagear Arraes não é favor, nem bajulação. É dizer em voz alta que coragem cívica é um valor a ser preservado e difundido. É ensinar aos jovens que vale a pena lutar por democracia e justiça social, apesar de tudo.

Saudações Evaldo Costa Leia a nota inicial aqui.

Tome bajulismo com Arraes