Por Edilson Silva A saúde pública em nosso estado vive seus dias de crise mais aguda.
Médicos e demais profissionais da saúde chegaram ao seu limite, após um longo período de tentativas de um diálogo minimamente sério com o governo do estado, buscando construir saídas para uma situação de trabalho insustentável.
O caos é antigo, é certo, mas o povo pernambucano elegeu o atual governo exatamente por que queria mudanças.
A situação insustentável em áreas como segurança pública e saúde foram os elementos definidores da derrota do governo estadual que se encerrou em 2006.
O então candidato Eduardo Campos, montado numa máquina publicitária, ofereceu à população o que ela mais demandava: soluções para a saúde.
A sociedade, portanto, acreditou nas promessas do então candidato e hoje governador Eduardo Campos. É natural, quando caminhamos para o termino da primeira metade do seu mandato, que haja cobranças, sobretudo na área de saúde.
Aliás, mais que natural, é positivo que os profissionais de saúde patrocinem este grito de alerta à sociedade, pois estão lutando não somente por melhores salários, mas por melhores condições de trabalho, o que traz, para o conjunto do atendimento na rede pública estadual, benefícios para toda a população que se utiliza destes serviços.
Não trato deste assunto a partir de um camarote.
Sou vítima e testemunha da grave situação vivida por médicos da rede pública.
Em 2006, meu pai faleceu na emergência do Hospital Agamenom Magalhães por absoluta falta de condições de atendimento naquela unidade, que era a referência em emergência cardiológica no estado.
Meu pai, infartado, foi “internado” na recepção do Agamenom Magalhães numa cadeira destas de plástico, permanecendo nela por mais de 10 horas, semi-acordado e gemendo muito.
Após este período, conseguimos que ele fosse internado nas dependências do hospital.
Num espaço onde caberiam de 20 a 25 leitos, mais de 50 macas ocupadas, com enfermeiros e médicos revezando-se desesperadamente entre um e outro paciente.
Meu pai ainda teve que aguardar, agora numa cadeira menos desconfortável, algumas horas para que um leito fosse desocupado por um paciente que faleceu.
Faltavam respiradores, equipamentos para monitorar os batimentos cardíacos, até uma pequena peça de plástico para acomodar as mangueiras de oxigênio nas narinas dos pacientes faltava.
Em meio às macas, de repente uma enfermeira gritava: “este aqui está parando!”, e um grupo de médicos largava correndo um paciente que havia ganhado mais alguns instantes de vida e partiam para outro, retirando equipamentos de um paciente e instalando imediatamente no outro.
Passei menos de 24 horas naquele inferno.
Vi médicos e médicas, enfermeiros, enfermeiras e demais auxiliares, esforçando-se, sofrendo junto com familiares, tendo que avisar que não havia mais o que fazer, como foi o caso do meu pai, que soube que ia morrer uma hora antes do óbito, pois não havia um único cirurgião toráxico na maior emergência cardiológica do estado.
Sugiro ao governador Eduardo Campos e a seu secretário, e também ao chefe do Ministério Público Estadual, que se submetam a auxiliar os profissionais de saúde nas emergências do estado por alguns dias.
Tenho certeza que iriam aprender a tratar com um mínimo de respeito estes profissionais, dando-lhes a valorização que merecem por tratarem de um bem que não tem preço: a vida.
PS: Presidente do PSOL/PE e candidato à prefeitura do Recife