Por Kátia Telles, do PSTU Sete de setembro.Por todo o dia nos mais distantes rincões do país há paradas militares e desfiles de estudantes… tudo para comemorar a nossa “independência” proclamada em 1822.

No Recife,a Avenida Cruz Cabugá é o endereço onde se reúnem os militares e os governos municipal e estadual para celebrar os 186 anos do famoso “Grito do Ipiranga”.

Mas será que podemos confiar no versos que dizem “já podeis,da pátria filhos/ver contente a mãe gentil/já raiou a liberdade/no horizonte do Brasil”? será que depois de tantos anos já conquistamos a nossa verdadeira independência?

Na Praça Osvaldo Cruz poderemos obter essa resposta. É lá que os movimentos sociais se reúnem para dar início ao grito dos excluídos.

E ao nos aproximarmos desta fantástica manifestação poderemos escutar com o coração os versos de Solano Trindade: “tem gente com fome tem gente com fome tem gente com fome” Essa fome de pão, de escola, de saúde… fome de sonhos, de realização. É a fome sofrida pelos oprimidos deste país, excluídos desde sempre das decisões políticas; decisões que são sempre tomadas de acordo com os interesses de grandes empresas dos Estados Unidos ou da Europa, que estão sempre juntas aos grandes empresários nacionais que governam o país, o estado e o Recife.

O Brasil, somente em julho deste ano, pagou de juros da dívida quase 19 bilhões de reais, também neste mês chegamos a marca histórica de mais de doze bilhões reservados para o superávit primário, que é a parte retirada do orçamento para o pagamento das dívidas.

Somente este ano já foram reservados quase 99 bilhões de reais para o pagamento das mesmas. É o dinheiro do trabalhador que vai engordar as contas dos grandes banqueiros internacionais. É por isso o governo George Bush trata LULA como um grande aliado na América Latina e muitos banqueiros do exterior, antes desconfiados com o PT, já são aliados de primeira hora do ex-operário.

Em Pernambuco e na nossa cidade o favorecimento ao capital estrangeiro e aos grandes empresários não é nenhuma novidade.

A CELPE foi vendida a um grande conglomerado multinacional e como conseqüência da privatização vieram tarifas altíssimas.

Além de uma brutal exploração aos seus funcionários.Várias empresas ganham benefícios fiscais concedidos pelo governo do estado e pela prefeitura passando anos sem pagar um centavo de impostos, muitas indústrias que se instalam em Suape contam com o terreno e até a terraplanagem do mesmo, doados pelo governo estadual; enquanto isso, os trabalhadores pagam impostos aviltantes em tudo o que compram e não tem sequer um lugar para erguer sua moradia.

Continuemos a ouvir o poeta negro do bairro de São José: “é um grito de revolta contra as injustiças sociais” A última “invenção” do governo do PT em Recife foi diminuir o valor do imposto (ISS) que é pago pelos empresários de ônibus.Os mesmos empresários que foram enormemente privilegiados no primeiro governo de João Paulo, quando o prefeito junto com o então governador Jarbas Vasconcelos proibiu, utilizando a mais covarde repressão, o transporte alternativo, deixando os donos de empresas completamente à vontade.

São os mesmos empresários que fazem nossos filhos se arrastarem por baixo da catraca e dificultam ao máximo os direitos de idosos e estudantes.

Afinal “a grande obra é cuidar das pessoas”…

Mas o povo não se engana.Os excluídos gritam as palavras de Solano: “Não o canto de mentira e falsidade que a ilusão ariana cantou para o mundo na conquista do ouro nem o canto da supremacia dos derramadores de sangue das utópicas novas ordens de napoleônicas conquistas mas o canto da liberdade dos povos e do direito do trabalhador…” O PSTU defende que nenhum centavo deve sair dos cofres públicos para a mão dos empresários.

Os trabalhadores devem pagar menos impostos, os ricos devem ser severamente taxados.

Já que o transporte público é um direito da população o mesmo deve ser estatizado sendo assim garantidos o passe livre para os desempregados e estudantes além do aumento da quantidade e qualidade da frota.

Nenhum terreno ou prédio pode ficar ocioso no Recife servindo apenas à especulação de poucos enquanto boa parte das pessoas dorme em casebres ou em calçadas, o governo deve estar ao lado dos sem-teto e sem-terra na luta por melhores condições de vida, a prefeitura do PSTU não titubeará em expropriar terras e edificações ociosas colocando as mesmas nas mãos dos que produzem toda a riqueza, nas mãos dos trabalhadores da cidade.

Somente assim chegaremos a um 7 de setembro em que vislumbraremos um Recife e um Brasil verdadeiramente livres do jugo e da exploração dos capitalistas nacionais e do exterior.Quando poderemos cantar e celebrar, sem medo de estarmos mentindo ou nos enganando: “Parabéns; já somos livres; Já brilhante, e senhoril Vai juntar-se em nossos lares A Assembléia do Brasil.”