Do site Café Colombo Os intelectuais (prós e contra) falam sobre o busto de Bandeira Há 50 anos, no Recife, não se falava de outra coisa.
Exatamente neste domingo, a discussão intelectual da cidade era sobre a homenagem que se prestaria ao poeta Manuel Bandeira.
Por iniciativa do jornalista Mário Melo, o que seria uma homenagem virou uma guerra (ver o outro post - Mário Melo contra homenagem a Manuel Bandeira).
Nesta matéria do Jornal do Commercio, intelectuais, artistas e o então prefeito, Pelópidas Silveira, se posicionam sobre o tema.
Além de Pelópidas, falam Ariano Suassuna, Paulo Cavalcanti, Audálio Alves, Paulo Fernando Craveiro, Aloísio Magalhães, Carlos Moreira e Aldemar Conrado.
Os intelectuais (prós e contra) falam sobre o busto de Bandeira Continua em crescendo o rumoroso “affaire” criado sobre a homenagem que se quer prestar ao poeta pernambucano – Prefeitura, até agora, omissa sobre a questão – Intelectuais e artistas dão o seu depoimento – Notas de J.
Gonçalves de Olivenra Continua assunto dominante em todas as esferas da opinião pública o “affaire” recentemente criado sobre a homenagem que se pretende prestar ao poeta Manuel Bandeira.
Nos bares, nos cafés e até mesmo nos ônibus, se comenta o fato e sobre o mesmo há depoimentos os mais vários.
A polêmica alimentada pelos jornalistas Nilo Pereira e Mário Melo a propósito de se deve ou não ser colocado em praça pública o busto do autor de “Libertinagem” e de tantos outros livros de poemas que fizeram do vate pernambucano um nome dos mais representativos da moderna poesia brasileira, tem também despertado para o fato as atenções de nossos escritores e artistas.
Não é que o poeta em si não mereça as honras e as homenagens do povo “mui nobre e leal” deste burgo – afirmam alguns – mas, trata-se de, no meio do entusiasmo dessas manifestações, saber se, realmente, a colocação em uma das nossas praças do busto fere o artigo 191 da Constituição do Estado.
E é sobre esse ponto que não houve ainda a devida interpretação dos nossos constitucionalistas.
Se os partidários da homenagem conseguirem superar esta questão é bem provável que o busto seja, em breve, uma realidade.
Não sabemos se devido o caso que se criou ou pela impossibilidade do financiador do mesmo, o industrial Odilon Ribeiro Coutinho, vir a esta capital, o fato é que o busto, esperado desde terça-feira última, ainda não chegou e se chegou se encontra como aquela Conceição do samba popular: “ninguém sabe, ninguém viu”.
FALA O PREFEITO O prefeito Pelópidas Silveira distribuiu com os jornalistas credenciados no Serviço de Imprensa, a nota abaixo onde expõe o ponto de vista da Prefeitura: “A Prefeitura tem sido frequentemente mencionada em artigos de Nilo Pereira e Mário Mello sobre o busto de Manuel Bandeira.
Cabe, assim, o meu pronunciamento, como responsável pelo governo da cidade.
Em primeiro lugar devo dizer que considero de todo justo que o Recife procure homenagear o grande poeta que é uma glória nacional e, em especial, uma glória de Pernambuco.
Resta saber se essa homenagem deve e pode ser feita através da colocação do seu busto num logradouro público.
Afirma-se que a Prefeitura vem se omitindo e que não ‘não cumpriu a lei’.
Não há lei nenhuma a cumprir.
A Prefeitura, autônoma, não pode ser obrigada por lei estadual.
Até agora nenhuma solicitação recebi no sentido de determinar local para o busto.
Está claro que ninguém poderia, sem audiência do governo municipal, colocar um busto na rua da União ou numa praça.
Quando esse pedido for feito, ouvirei o órgão técnico da Prefeitura sobre os diferentes aspectos da homenagem que se pretende prestar ao poeta Manuel Bandeira, especialmente a questão da constitucionalidade.
Pessoalmente, considero perigoso o precedente que se abrirá.
Como impedir depois homenagens idênticas a grandes vultos das letras das letras, das ciências ou da política?
Por que não prestar a mesma homenagem a Gilberto Freyre, a Joaquim Cardoso, a Luiz Freire ou a Márrio Shenberg, que tanto têm honrado também o nome de Pernambuco?
Enfim, farei estudar o assunto em todos os seus pormenores.
Uma solução seria, talvez, a colocação do busto, não em praça pública, para evitar o precedente, mas numa área de entidade particular, como, por exemplo, no terreno do Instituto de Educação no Parque Treze de Maio.
O Instituto de Educação não terá muros, de modo que o busto ficará à vista do público.
De mim, devo afirmar que participarei, como recifense e como Chefe do Executivo, de qualquer preito que, dentro da Constituição e da lei, sem criar precedentes que venham trazer problemas futuros, seja prestado ao extraordinário poeta pernambucano.”