Nota oficial - 21 médicos exonerados: situação ficará incontrolável O Governo do Estado exonerou 21 médicos da rede pública que haviam pedido demissão.

A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado desta sexta-feira (29.08).

Os médicos exonerados são das emergências dos Hospitais da Restauração, Getúlio Vargas e Otávio de Freitas. “São médicos cirurgiões, da emergência e da eletiva”, alertou o presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, Antônio Jordão, durante entrevista ao programa Super Manhã, de Geraldo Freire, na Rádio Jornal. “A situação vai ficar incontrolável e o Simepe não se responsabiliza pelo que vai acontecer a partir de agora.

O governador Eduardo Campos terá sobre ele toda a responsabilidade de tudo o que acontecer nos hospitais.

Com essa exoneração, o governador está decretando o fim do atendimento nas emergências”.

Questionado por Geraldo Freire sobre uma possível greve, o presidente do Simepe descartou essa possibilidade. “Os médicos não fazem greve há mais de 10 anos.

Com os pedidos de demissão nós estamos tentando forçar uma negociação com o governo para melhorar as condições de trabalho e garantir o atendimento à população”.

Segundo o presidente do Simepe, essa decisão do Governo está unindo ainda mais a classe médica. “Quem ainda não havia pedido demissão está pedindo a partir de hoje.

Os médicos estão ligando, se solidarizando com o movimento.” Cerca de 300 médicos já encaminharam aos hospitais e à secretaria de Saúde os seus pedidos de demissão.

Os médicos que ainda não foram exonerados, mas que já pediram demissão, também vão deixar seus postos de trabalho. “Essa foi uma decisão dos médicos durante as últimas assembléias da categoria.

Os colegas entraram em acordo e resolveram, caso o estado exonerasse algum médico antes de negociar, que o restante também entregaria os cargos”, explicou Jordão.

Isso significa que a partir de agora as grandes emergências ficarão sem médicos para atender a demanda da população. “Significa também que a situação vai ficar incontrolável, mas se o governador fez isso é porque tem condições de encontrar novos médicos para ocupar as vagas que ficaram em aberto”, enfatizou Jordão. “Os médicos estão conscientes porque, ao entregar a demissão, deram um prazo de 30 dias ao governo.

Se o governo não negocia e exonera é porque tem condições de fazer a substituição dos profissionais”, destaca o secretário geral do Simepe Mário Jorge.

O movimento da classe médica não é exclusivo dos médicos. “Nós não estamos olhando somente para nós, para os médicos.

O nosso compromisso é com o bem-estar social.

A nossa preocupação maior é com os pacientes e com a sociedade”, assegura Jordão.

O Simepe entrou com uma ação civil pública na justiça, pedindo a garantia do atendimento aos pacientes desassistidos e aos que precisam de leitos de UTI.

De acordo com a decisão judicial, esses pacientes devem ser tratados nos hospitais particulares.

NEGOCIAÇÕES - Para o movimento médico o governo está sendo intransigente ao insistir numa negociação com os médicos junto com os demais servidores que já negociaram e tiveram seu pleito atendido.

Segundo Antônio Jordão, “há mais de 10 anos que os médicos negociam em separado e isso sempre ocorreu de forma tranqüila.

Essa mesa, a qual o governo insiste que os médicos participem, atende todos os servidores que já negociaram.

A finalização das negociações ocorre sempre fora da mesa.

Porquê com os médicos vai ser diferente?” A situação está tão preocupante que os médicos falam até numa intervenção nacional em Pernambuco. “Não há nada que impeça que o Governo Federal intervenha aqui no nosso estado”, alertou Jordão.

REUNIÃO - No final da manhã desta sexta-feira (29) representantes do Simepe, Cremepe, AMPE, Fecem e sociedades de especialidades, se reuniram, convocados pelo Simepe, para falar sobre o projeto que cria as fundações públicas de direito privado.

Ao final do encontro todas as sociedades de especialidades se comprometeram em reforçar o movimento dos médicos, em todas as suas reivindicações.

Os médicos têm uma nova Assembléia na próxima terça-feira (02) no auditório da Associação Médica de Pernambuco, na Praça Oswaldo Cruz, 396, Boa Vista.