Por Sérgio Montenegro Filho Você ainda acredita nas promessas de políticos?

A pergunta foi feita pelo Instituto Vox Populi, em uma pesquisa nacional encomendada pela Associação dos Magistrados Brasileiros, que teve como objetivo averiguar o nível de confiança do eleitor nos candidatos a prefeito e vereador.

O levantamento ouviu opiniões de 1.502 brasileiros, nas cinco regiões do país.

E foi divulgado num momento oportuno, quando começa a propaganda eleitoral gratuita na televisão e no rádio.

Esses programas se tornaram o principal fórum de promessas da campanha.

Depois de tantos escândalos e frustrações vividos pelos brasileiros nos últimos anos, seria surpresa - e até ingenuidade - esperar que, na pesquisa, predominasse a aposta na credibilidade dos políticos.

Claro que a voz comum foi bem outra.

No balanço final, nada menos que 82% dos eleitores consultados responderam que a maioria dos candidatos não cumpre o que promete.

Somente 13% afirmaram ainda acreditar nas “maravilhas” que a cada dois anos são anunciadas nos palanques.

Não se trata, aqui, de contribuir para gerar mais desconfiança.

Muito menos ofender candidatos sérios, dispostos a cumprir os compromissos assumidos em troca do voto do cidadão.

Trata-se, apenas, de fazer uma sugestão.

Não seria melhor se esses mesmos políticos tomassem os índices levantados pelo Vox Populi como um alerta, e passassem a prometer menos?

Afinal, é preciso separar as promessas em dois tipos: há aquelas que sugerem ingenuidade ou desconhecimento sobre o funcionamento da máquina pública - geralmente feitas por candidatos estreantes ou que sempre estiveram na oposição - e que são absolutamente inexeqüíveis.

Quer por falta de recursos, quer por entraves legais ou burocráticos que impedem a sua concretização.

Mas há também as promessas de má fé.

Essas, infelizmente, ainda recheiam algumas campanhas.

São candidatos que, mesmo cientes da impossibilidade de cumpri-las, insistem em tentar enganar os eleitores, sobretudo os menos favorecidos.

Propõem coisas do arco da velha e, depois de eleitos, fingem que não é com eles.

Ou saem com desculpas amarelas, responsabilizando auxiliares, adversários, governo federal ou seja lá quem mais.

O lamentável é que na mesma pesquisa, o eleitor foi solicitado a apontar o critério que classifica como mais importante num candidato. 94% dos entrevistados disseram levar em consideração exatamente as propostas apresentadas na campanha.

Um prato cheio para políticos mal-intencionados continuarem iludindo todo mundo.

Visto por esse ângulo, fica parecendo que o eleitor é como mulher de bandido, que quanto mais sofre, mais gosta.

Não é bem assim.

Embora continue esperando por propostas que contribuam diretamente para a melhoria da sua qualidade de vida, ele já dá sinais - como se pode constatar na resposta à primeira pergunta da pesquisa - de que a credibilidade nos políticos está, aos poucos, indo para o espaço.

Resta saber até quando haverá esperança.