O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o Brasil vive um momento em que a sensação é de que não há controle sobre a Polícia.

Quem corre risco, segundo ele, é a democracia.

FHC considerou, ainda, uma provocação da Polícia Federal o fato dela ter algemado os presos na Operação Dupla Face depois do Supremo Tribunal Federal ter restringindo o seu uso. “O que ocorreu em Mato Grosso foi uma provocação.

A Polícia Federal desrespeitou a decisão do STF quanto ao uso de algemas.

O tribunal determinou que algemas sejam utilizadas apenas quando houver perigo de fuga.

Não havendo este perigo, a utilização das algemas é somente para desmoralizar.

Isto é inaceitável”, afirmou em entrevista à assessoria de imprensa do PSDB.

Para o ex-presidente, é preocupante o número de telefones grampeados no país. “Não quero caracterizar que haja no país um estado policialesco, mas há momentos em que ficamos com a sensação de que não há controle sobre a Polícia.

Espero que as outras instituições estejam ativas para evitar que entremos de fato em qualquer estado policialesco”, afirmou.

Segundo Fernando Henrique, a atuação da PF é importante e necessária.

Na sua avaliação, o seu trabalho está mais eficiente. “Mas isto não é razão para que a PF apareça na televisão como um espetáculo e que mostre sua eficiência muito mais para as câmaras do que nos autos.

Porque quando os autos não são bem feitos, a Justiça anula os resultados.

E daí vem o pensamento de que houve marmelada, mas a Justiça muitas vezes anula um processo porque foi malfeito.

Acho que a PF precisa aumentar sua eficiência na prática e não no espetáculo”, avalia o ex-presidente.

O ex-presidente diz que a população tem a sensação de impunidade.

Para ele, o maior risco das instituições é a descrença popular.

Segundo FHC, “quando o povo não acredita que as instituições funcionem, eles descrêem da democracia como forma de governo.

E ao descrer da democracia, abre espaço para mais arbitrariedades.

Então, estamos num quadro do ponto de vista institucional preocupante”.

Com informações do site consultor jurídico