Por Joana Rozowykwiat, no JC de hoje Embora não se fale abertamente, a decisão do governador Eduardo Campos (PSB) de tratar o prefeiturável Carlos Eduardo Cadoca (PSC) como aliado tem gerado certo incômodo entre petistas.
O cenário remete à eleição de quatro anos atrás.
Se hoje o candidato oficial do Palácio, João da Costa (PT), tem tido que “dividir os louros” do governador com o socialista-cristão, em 2004, era o próprio Cadoca quem sofria - em maior escala - com a dubiedade do então correligionário e governador na época Jarbas Vasconcelos (PMDB), que cobria de afagos o principal adversário de Cadoca na disputa eleitoral, o prefeito João Paulo(PT).
Apesar de deixar claro que o seu candidato é João da Costa - tendo inclusive intercedido na pré-campanha em favor do petista - Eduardo Campos já explicitou que Cadoca é aliado, colabora com o seu governo e com o do presidente Lula (PT) e, portanto, é um concorrente diferenciado.
Nesse sentido, tem assumido posturas comparáveis às de Jarbas, em 2004, alimentando, inclusive, desconfianças entre os petistas.
A diferença é que Jarbas era oposição ao PT de João Paulo, enquanto Eduardo está alinhado ao PSC.
Ao liberar o uso de sua imagem para todos os candidatos da base, o governador beneficiou Cadoca.
Depois, em evento oficial, mostrou entrosamento com o postulante, conversando até ao pé-de-ouvido e trocando risadas.
O socialista-cristão, por sua vez, tem sabido utilizar o espaço que lhe foi dado, capitalizando a ligação na campanha.
Em 2004, no entanto, Cadoca estava do lado de Jarbas Vasconcelos e assistiu seu principal cabo eleitoral fazer vários gestos de cordial relação com João Paulo, que chegavam a despertar questionamentos, entre populares, sobre quem seria de fato o candidato do então governador.
A contragosto de Cadoca, na campanha de 2004, Jarbas também liberou sua imagem para João Paulo.
E o petista, assim como faz hoje Cadoca, ressaltava as parcerias administrativas com o governo Jarbas, inclusive no guia eleitoral.
João Paulo também participou de eventos administrativos, no Palácio e em inaugurações públicas, ao lado do líder peemedebista.
Ambos trocavam elogios e, em plena campanha, João Paulo chegou a visitar o Palácio das Princesas.
No episódio que marcou a mais grave crise da campanha de Cadoca, - o caso Maria de Socorro, de Brasília Teimosa - o marqueteiro da campanha, Antônio Lavareda, acusou o guia de João Paulo de ter apelado para a baixaria.
Jarbas discordou, na contramão mais uma vez, poupando o petista.
Suas críticas eram direcionadas ao PT, nunca a João Paulo.
A relação entre os dois, até hoje, gera críticas e dúvidas - inclusive no PSB de Eduardo Campos - sobre uma possível união política no futuro.
Embora o desconforto vivido por Cadoca, na eleição de 2004, assemelhe-se ao de João da Costa, em 2008, a situação do petista conta com um atenuante: o principal fiador de sua candidatura não é o governador Eduardo Campos, mas o prefeito João Paulo.
Com Cadoca era o governador Jarbas Vasconcelos seu principal cabo eleitoral.
Mas, ainda assim, os petistas estão atentos, muito atentos às movimentações do governador.