Do Blog de Cláudio Castanha O gravataense Aurino Pedro, conhecido artisticamente pelo nome de Pipa, vai disputar uma vaga na Câmara dos Vereadores pelo PDT.
Depois de morar na Europa, Pipa voltou para Gravatá, abriu um salão de beleza no bairro do Prado, e quer lutar contra as desigualdades sociais e a favor das oportunidades de emprego para os homossexuais e qualidade de vida do gravataense.
Porque vereador de Gravatá? É uma maneira que encontrei para lutar pelo meu povo, trabalhar melhor pela minha cidade e me afirmar como filho desta terra.
Quem era você antes de ser famosa?
Fui uma criança pobre e desde muito cedo lutei muito para sobreviver.
Cresci com as dificuldades de muitas crianças e jovens desta cidade.
Tive que ser ousada, superar muitos preconceitos, aprendi a lutar muito nova e, se hoje, consegui alguma coisa para mim na vida, quero trabalhar para as pessoas ajudando-as a melhorar a qualidade de vida.
Você fala em preconceito.
Foi difícil assumir sua identidade homossexual?
Acredito que já nasci homossexual.
Me sentia um menino diferente dos outros.
Na pré-adolescência já tinha me auto-definido sobre sexualidade.
Aos 14 anos resolvi ser mulher, me comportar como mulher, me vestir e andar como uma mulher e assumir de vez minha condição de travesti.
Logo fiquei popular.
Primeiro no meu bairro, o Prado, e depois no resto da cidade.
As pessoas aceitaram você normalmente?
Gravatá me recebeu de braços abertos, desde aqueles períodos em que resolvi me assumir e fui para as ruas com a cara e o jeito que tenho.
O preconceito sempre existiu e existe.
Mas, meu carisma foi maior do que qualquer ato de repúdio das pessoas.
Sou popular, sou doce, sou pacata, sou educada, fina, alegre e trato todo mundo bem e com respeito.
Passei a ser uma referência de uma cidade que todo mundo me respeita e gosta de mim como eu sou.
Pela experiência que adquiri morando em outras cidades, aprendi que Gravatá é uma sociedade muito evoluída para entender e adotar pessoas de atitudes e comportamento gay.
Você morou na Europa, e quanto tempo viveu por lá?
Saí daqui no inicio da década de 2000, para morar na Suíça.
Trabalhei na noite, fui bailarina, abafei naquele País, até que fui morar em Paris, na França.
Sempre trabalhando na noite, morei na Itália e depois fixei residência durante cinco anos na Espanha.
Em todo este tempo, nunca deixei de voltar a Gravatá para ficar com meus familiares e amigos.
Assim, fiz economias e arrumei minha vida, sem nunca esquecer minha terra natal.
Se você sempre esteve bem na Europa, por que voltou?
Não é que sempre estive bem na Europa.
Apenas morei e trabalhei lá.
Minha cabeça, meu corpo, meu espírito, minha vida é em Gravatá.
Não pense que sobreviver lá fora é fácil.
Aqui também é muito difícil de viver, mas, Gravatá é minha terra, minha família, entende…
Você tem a convicção de que vai conseguir se eleger?
Claro que tenho. É evidente que estou nesta luta para ganhar, ser vencedora.
Sou popular, sou amada na cidade, todo mundo me conhece, sabe que sou corajosa, que não tenho medo de lutar e que sempre consigo realizar o que almejo.
Vou ser a primeira travesti brasileira a assumir um mandato de vereador. vou ser mídia nacional.
Com meu carisma, vou divulgar Gravatá, vou utilizar toda experiência que adquiri trabalhando no exterior em benefício da minha cidade.
Falo francês, italiano e domino muito bem idioma espanhol.
Foi com estas línguas, sem perder o sotaque daqui, que falei de minha cidade e que vou falar ainda mais como vereador.