Por Sheila Borges, de Política/JC Seis notas fiscais da Papelaria Brasil, fornecedora de material de escritório, que juntas correspondem a um gasto de R$ 19,8 mil.
A quantidade e o valor podem até parecer pequenos, mas as irregularidades identificadas nas notas fiscais apresentadas pelos gabinetes dos vereadores do Recife Antônio Luiz Neto (PTB), Luiz Vidal (PSDC), Luiz Helvécio (PT) e Henrique Leite (PT) assustaram até os auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que atestaram que elas são “falsas”.
A diferença nos valores das notas protocoladas pelos gabinetes e das exibidas pela papelaria revela uma elevação nos preços de 111.000%.
Leite, por exemplo, comprou dois produtos: um de R$ 5 e outro de R$ 11,80, segundo o documento da empresa.
Na nota do gabinete, o valor é de R$ 4,6 mil.
Pelo registro da papelaria, Luiz Neto também adquiriu dois produtos, de R$ 6,40 e R$ 179,30.
Na nota entregue ao tribunal, o preço é único, de R$ 7 mil.
Helvécio incorreu no mesmo erro.
Comprou produtos de R$ 3 e R$ 13,90, mas na nota do gabinete constava a quantia de R$ 3,3 mil.
Vidal anexou documentos em sua prestação de contas que revelam um gasto de R$ 671,70 da verba indenizatória nesta loja.
As cópias das notas do proprietário, Edmilson Costa Silva, indicam que, na realidade, o gabinete de Vidal efetuou pagamentos de R$ 5,20 e de R$ 9,90.
Quando promoveu um pente-fino nos talonários da Papelaria Brasil, o TCE, inicialmente, constatou que as numerações das notas dos vereadores correspondiam às utilizadas pelo estabelecimento cinco anos atrás.
Depois, ao confrontá-las, verificou que eram falsas porque os números das notas não “guardam coerência com a numeração e as datas de emissão” da empresa.
Para realizar esta operação irregular, utilizaram as verbas indenizatórias que recebem para manter os seus gabinetes de trabalho, recurso que foi alvo de uma auditoria especial do TCE, divulgada pelo JC na terça-feira. “Lamento que esteja acontecendo comigo.
Tenho esta loja há 22 anos e forneço para os vereadores.
Meus preços são os de mercado. É por isso que a imagem do político está tão ruim”, afirmou Edmilson.
Sem dizer o nome, confidenciou que na quarta-feira tinha recebido dois cheques de um vereador do Recife, no valor de R$ 125, referentes a compra de resmas de papel, papel-contato e cartucho para impressora.
Revelou que, com medo, vai depositá-los urgentemente.
A sua livraria fica bem perto do prédio da Câmara, na Rua do Riachuelo, nº 105, loja 3, no Centro.