O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, ex-coordenador da Operação Satiagraha, confirmou, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas, que o grupo do empresário Daniel Dantas está sendo investigado também pela prática de escuta telefônica ilegal, além de crimes financeiros, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha.
O presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), disse que essa confirmação foi o principal resultado concreto da audiência.
De acordo com Protógenes, foram instaladas duas investigações sobre o uso ilegal de “grampos” aos quais o grupo de Dantas teria recorrido para obter vantagens em negócios.
Itagiba destacou também ter ficado demonstrado que a saída de Protógenes do comando da Operação Satiagraha não foi pacífica dentro da PF, e que houve participação de investigadores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na ação.
A operação resultou, em julho, nas prisões de cerca de 20 pessoas acusadas de crimes financeiros.
O delegado deixou de responder à maioria das perguntas, alegando de forma recorrente, ao longo de mais de seis horas, estar impedido pela Constituição, pois as investigações estão sob segredo de Justiça.
Ele alegou que nunca se recusou a depor na CPI, e que apenas tentou adiar a reunião para não prejudicar o curso de aperfeiçoamento do qual participa na Academia Nacional de Polícia.
Protógenes reafirmou que deixou o comando da operação para fazer o curso, de trinta dias, já programado com antecedência.
E acrescentou que pretendia retomar o comando após o curso. “Mas fui instado a concluir logo meu relatório, o que fiz, e decidi então passar a segunda parte do inquérito a outro colega da PF”, explicou.
Questionado pelo deputado Domingos Dutra (PT-MA) por que não atendeu ao apelo do presidente Lula para seguir no comando da operação, Protógenes respondeu que a determinação foi no sentido da conclusão do relatório, e portanto cumprida.