Itagiba e Jungmann: situação insustentável Reportagem publicada hoje pela Folha de S.Paulo, segundo a qual os deputados Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), e Raul Jungmann (PPS-PE) receberam do executivo Dório Ferman, dono oficial do Banco Opportunity, doações para suas campanhas de R$ 10 mil (Itagiba) e R$ 4 mil (Jungmann), torna inaceitável e insustentável a presença dos dois como membros da CPI dos Grampos.

Se não o fizeram até agora, eles devem renunciar já.

Depois dessa denúncia - que se soma a várias outras irregularidades, das quais os dois deputados foram alvo ou protagonistas - nenhum deles tem mais moral para continuar na Comissão.

Jungmann, embora suplente, é um dos mais ativos participantes da CPI e Itagiba, ainda por cima, a preside.

Delegado licenciado da Polícia Federal, ex-secretário de Segurança Pública do casal Rosinha e Anthony Garotinho, quando este governou o Rio (2003/2006), Itagiba teve como seu chefe de Polícia Civil o hoje deputado estadual Álvaro Lins (PMDB), preso em maio durante a Operação Segurança Pública S/A (aquela que denunciou Anthony Garotinho por corrupção e lavagem de dinheiro).

Lins terá sua cassação votada na próxima semana pelo envolvimento em corrupção passiva, formação de quadrilha, enriquecimento ilícito, facilitação de contrabando e ligação com milícias em sua campanha política.

Imagine ter Lins, com essa lista de acusações, como chefe de Polícia Civil!

Pois é, mas tudo de que Lins é acusado aconteceu sob o nariz de Marcelo Itagiba.

Mas não é só.

Itagiba, quando assessor de José Serra (hoje governador tucano de São Paulo) no Ministério da Saúde, foi acusado de montar um esquema de espionagem política.

Tem seus dedos no afastamento da senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) da campanha presidencial de 2002.

O deputado é citado, ainda, na Operação Cerol (2006) quando a Polícia Federal o investigou por suposto favorecimento a empresários acusados de sonegar impostos.

Reincidente Em matéria de currículo, item acusações, Jungmann é reincidente - sofreu várias.

Mas apesar desse longo currículo continua fazendo com a pose de vestal.

Depois de ter sido ministro do Planejamento do ex-presidente Itamar Franco, no período FHC, Jungmann presidiu o Ibama, o Incra e o ministério do Desenvolvimento Agrário.

Gaba-se de sua “luta contra o latifúndio” e de ter promovido a “maior reforma agrária, sem uso da força e rigorosamente dentro dos princípios democráticos.” Tudo uma verdadeira piada porque, no ano passado, a Justiça Federal bloqueou os bens do deputado para garantir ressarcimento aos cofres públicos, por conta de contratos de publicidade irregulares, firmados exatamente quando Jungmann ocupava esse ministério no governo tucano.

Além disso, seus gastos, entre 1996 e 2002, também foram investigados pela Controladoria Geral da União (CGU) porque o então ministro do Desenvolvimento Agrário usava dinheiro público para despesas como massagens, por exemplo, entre outras irregularidades.

O passado condena ambos Com um histórico desses, como pode Itagiba presidir a CPI dos Grampos e Jungmann integrá-la, e estar à frente de outra na Câmara, a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado? É vergonhoso e insustentável que diante de tantas irregularidades, e com currículos desses, tão recheados de acusações, os dois tenham esses papéis diante de CPI e Comissão regimental e permanente da Câmara dos Deputados.

Até quando?

Não adianta virem com justificativas para a doação.

Contra eles tem que ser aplicado a mesma prática que adotam, o mesmo julgamento que o próprio Jungmann, por exemplo, faz de todos a quem vive acusando indevidamente, sem provas ou quaisquer indícios ou fundamento.