Por Mendonça Filho A discussão sobre a Segurança Pública no Brasil é relativamente nova.
Foi preciso a criminalidade explodir e arrastar em sua voragem as vidas de milhares de brasileiros para que o assunto passasse a ser pensado de forma mais séria e sistemática.
No âmbito dos governos experimentou-se de tudo para fazer frente à violência, principalmente doses cada vez mais fortes do remédio repressivo: mais policiais, mais armas, mais treinamento e mais viaturas.
Se hoje a violência é um flagelo, nenhum governo pode se isentar de sua parcela de culpa no estado de coisas.
Nos nove meses em que fui governador eu já tinha bem clara em minha mente a única saída possível para um combate eficaz à criminalidade: unir ações preventivas à repressão qualificada.
A importância do segundo item é inequívoca: é preciso aplicar a lei aos criminosos que já estão nas ruas.
Mas o mais importante se mostra na primeira diretriz: evitar que as pessoas sejam arregimentadas pelo crime é a chave para acabar com o problema de uma vez por todas.
Nesse sentido empreendi mudanças radicais na área de Segurança Pública no Estado.
Pela primeira vez, Pernambuco teve à frente da Secretaria de Defesa Social um delegado da Polícia Federal – Rodney Rocha Miranda, hoje secretário de Defesa Social do Espírito Santo – e recomendei ênfase aos programas sociais voltados à juventude (sabidamente a maior vítima da criminalidade), como o Estação Futuro e o Emprego Jovem.
Fomos mais além e implantamos a Ação Integrada pela Segurança que, em dois meses, reduziu em 60% o número de homicídios em Santo Amaro.
Pena que nesse sentido não tivemos ajuda da Prefeitura do Recife, cuja gestão na área de Segurança foi de uma omissão atroz.
A partir de 2009 – quando, com a ajuda de Deus e do povo do Recife começará a nossa gestão à frente da Prefeitura – vamos fazer diferente e assumir o papel que cabe ao município: o de funcionar como grande articulador das políticas preventivas na área de segurança pública.
As propostas de governo que apresentamos na última terça-feira (22/07) seguem o rumo da prevenção, da recuperação dos espaços públicos e do resgate de nossos jovens, hoje presas tão fáceis da criminalidade.
O primeiro passo será criar e fortalecer a Secretaria de Segurança Comunitária, que vai articular todas as ações no setor.
Ao mesmo tempo vamos promover uma grande mobilização da sociedade em torno do tema, uma vez que a população precisa se sentir, ao invés de vítima, uma parte na luta contra a violência.
No campo das ações práticas teremos a duplicação do efetivo da Guarda e a adoção da mesma Ação Integrada pela Segurança que tanto fez por Santo Amaro, cuja população até hoje reclama de sua desativação pelo atual governo do Estado.
Vamos recuperar os espaços públicos que foram perdidos para o crime, com quadras poliesportivas, iluminação adequada e atividades culturais.
Teremos o projeto De Olho na Cidade, uma rede cidadã monitoramento que vai ajudar as polícias a prevenir delitos e atender a ocorrências com maior rapidez.
Nossa idéia é estimular a adoção dos núcleos de mediação de conflitos para ajudar na prevenção de conflitos graves.
E o mais importante de tudo: devolver à nossa juventude uma educação de qualidade, para que ela não seja arrastada para a criminalidade.
Trata-se de um desafio e tanto, mas que não me desanima.
Pelo contrário: nada mais estimulante do que fazer direito aquilo que alguns tentaram, mas não conseguiram.