Quando era secretária de Tributação do Rio Grande do Norte, a nova secretária da Receita Federal, Lina Vieira, defendia a guerra fiscal com São Paulo e criticava a falta de uma política de desenvolvimento nacional.
O Estado de São Paulo era uma dos alvos de ataques, no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).
Em 2004, Lina Vieira e secretários da área da fazenda pública de todos os estados brasileiros reclamavam da retaliação do governo paulista quanto à cobrança integral do ICMS.
Cogitou-se uma frente de contra-retaliação à secretaria de Tributação do estado de São Paulo.
O governo paulista decidiu não reconhecer mais à renúncia fiscal praticada pelos estados em desenvolvimento, caso do Rio Grande do Norte, que oferecem atrativos fiscais às empresas como forma de alavancar o crescimento sócioeconômico dessas regiões do país.
O governo paulista não aceitava a estratégia utilizada por esses estados - através de ações como a criação do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial (Proadi) - por considerar uma concorrência desleal.
Em entrevista na época, Lina explica que, ao cobrar o ICMS integral às empresas dos estados em desenvolvimento, a Tributação paulista quer punir e impedir que algumas indústrias deixem São Paulo. “Isso é fruto, na verdade, da falta de um programa de desenvolvimento nacional por parte do governo federal.
Isso, por conseqüência, gerou perdas de arrecadação em âmbito regional”, disse a secretária de Tributação do Rio Grande do Norte.
E completou dizendo que a população assiste “ao fim da federação”.
No caso, o programa de incentivos do RN oferecia a possibilidade de isenção de até 70% do percentual de ICMS, entre outros atrativos.
Com a taxação, o governo paulista tornava inviável para muitas empresas os negócios nos estados em desenvolvimento.
O ICMS não é cumulativo, de forma que o valor pago no Rio Grande do Norte, por exemplo, é abatido quando chega lá fora.
Ou seja, se a nota que sai do RN constar renúncia fiscal, essa não será aceita ao chegar nas barreiras tributárias de São Paulo.