Por Luciano Siqueira A resposta parece óbvia, mas não é.

Porque há um desencontro considerável entre o ensino em nosso país, em todos os níveis, e a dura realidade na qual se inserem os jovens.

Esse desencontro se torna mais evidente agora que o Brasil dá passos significativos no sentido do crescimento econômico continuado.

Faltam profissionais qualificados no mercado – de técnicos de nível médio a quadros de nível superior.

Daí o esforço emergencial que instituições formadoras de mão de obra procuram realizar para atender às novas demandas. É o caso de Pernambuco, tendo em vista a rápida ampliação das oportunidades de emprego no ciclo ode crescimento que se inicia sob o impulso dos empreendimentos industriais de ponta sediados no Complexo Portuário de Suape.

No cenário brasileiro, chama a atenção o drama vivido pela juventude.

Pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que dos 14,7 milhões de empregos gerados entre 1986 e 2006 no país, os jovens entre 15 e 24 anos ocuparam apenas 7,8% do total.

Diante disso, e tendo em conta microdados da Pesquisa Nacional de Domicílio (PNAD) de 2006, faz-se o perfil do jovem de 15 a 24 anos correlacionando-o com as deficiências do sistema educacional brasileiro.

O baixo nível de escolaridade da maioria dos jovens os constrange a ingressarem no mercado de trabalho sem qualificação e submetidos a condições precárias.

Segundo o estudo da OIT, por aí se pode compreender as taxas de desocupação e informalidade quer atinge os jovens acima das demais faixas etárias, além dos baixos níveis de rendimento e de proteção social.

Daí o paradoxo: embora passem mais tempo na escola do que os adultos, os jovens vão ao mercado de trabalho em franca desvantagem.

Onde vive a juventude brasileira?

Predominantemente nos centros urbanos.

Os dados disponíveis são de 2006.

Do total de 34,7 milhões de jovens entre 15 e 24 anos, 28,9 milhões (83,3%) moravam em áreas urbanas e 5,8 milhões (16,7%) encontravam-se no campo.

E qual o seu perfil educacional?

A desigualdade é flagrante: apenas 1,4% dos jovens rurais tinha 12 anos de estudo ou mais.

Esse percentual atingia 9,8% dos jovens das cidades.

Em nosso país ainda se educa pouco e mal.

Em desacordo com as necessidades reais da Nação e em sacrifício de gerações condenadas ao subemprego e à exclusão do sistema produtivo. É sobre essa realidade que deve incidir uma ampla e ousada reforma do sistema educacional brasileiro focada na educação para o trabalho.

Ou seja, para a vida. É possível?

Claro que sim, desde que haja uma vontade nacional nesse sentido e decisão política firme.

PS: Luciano Siqueira é vice-prefeito do Recife, pelo PC do B, e escreve religiosamente todas as quartas-feiras aqui no Blog.