Desaquecimento tradicional do comércio varejista no período, alta de preços dos alimentos e aumento no valor do Bolsa Família.
Estes foram os três fatores que orientaram as conclusões do ranking do Índice de Intenção de Compras na Região Metropolitana do Recife - ICR/Fafire, lançado pelo Grupo de Estudos do Macroambiente Empresarial de Pernambuco (Gemepe), em julho.
A quarta edição da pesquisa, referente ao terceiro trimestre de 2008 (julho/agosto/setembro), apresentou redução em nove dos dez itens consultados, comparado ao segundo trimestre do ano.
Mais uma vez, as roupas lideram o ranking (53,81%), seguidas por celular (30,09%).
O estudo foi realizado entre os dias 3, 4, 5 e 7 de julho e considerou 565 consumidores com idade a partir dos 16 anos, da Região Metropolitana do Recife.
A eles, foi repassado um questionário com perguntas sobre o interesse na compra de bens e serviços até o final de setembro.
A análise dos dados contou com a colaboração da professora Regina Coeli, do curso de Administração, da Fafire.
Ao avaliar a intenção de compras entre os entrevistados, por renda, nota-se uma redução moderada nas classes C e D.
Estas apresentaram uma diminuição de 1 a 5 pontos percentual aproximadamente, em um maior número de produtos, quando comparado ao ICR/Fafire anterior (abril/maio/junho).
Na época, elas se destacaram por apresentar uma elevada intenção de compras na RMR.
A pesquisa associa a queda na intenção de compras a dois fenômenos: o desaquecimento natural do período e a inflação dos alimentos, já que - com o aumento dos gastos nas famílias de baixa renda - a disponibilidade financeira para comprar outros bens e serviços foi reduzida. “Esta hipótese, entretanto, só poderá ser confirmada com mais segurança na próxima edição do ICR/Fafire, ao se compararem as intenções em períodos iguais (4º trimestre de 2007 com 4º trimestre de 2008).
Por enquanto, pode-se dizer que há fortes indícios a respeito da sua conseqüência para as compras, principalmente de bens duráveis (automóvel e imóvel), entre as classes média baixa e pobre “, explica o coordenador técnico da pesquisa e do Gemepe, Uranilson Carvalho.
A pesquisa identifica que o interesse no consumo está concentrado (83%) entre os que recebem mensalmente até cinco salários mínimos.
Os 17% complementares estão distribuídos entre as famílias com renda superior a R$ 2.150,00.
Isso significa que a cada 10 consumidores, respondendo positivamente à intenção de consumo, 8 estão entre as faixas de renda mais baixas (C, D e E).
Surpresa nessa análise foi o fato da classe E (abaixo de R$ 415,00) apresentar um crescimento percentual em nove itens. “A suposição é que a inflação dos alimentos deva ter sido compensada pelo anúncio do aumento no valor do Bolsa Família.
O reajuste médio do programa federal ficará em 8%, de forma que o benefício mínimo sobe de R$18,00 para R$20,00 e o máximo vai de R$172,00 para R$182,00”, afirma ainda Uranilson Carvalho.
A aquisição de celular foi o segundo colocado na intenção de compras e o item que apresentou uma leve ampliação de 29,49% para 30,09%.
As quedas mais expressivas foram as dos bens duráveis.
As intenções de compras de imóvel (7,61%), automóvel (9,91%) e eletrodoméstico (28,50%) apresentaram o menor percentual desde a primeira edição do ICR/Fafire (no último trimestre de 2007).
Em relação ao item viagem, 24,25% dos consumidores consultados afirmaram ter intenção de viajar.
O principal destino continua sendo o interior de Pernambuco (48,20%), enquanto 39,57% apresentaram como resposta a intenção de sair do Estado.
Quando apresentado um roteiro de viagem, com destaque às praias do litoral pernambucano, apenas 6,47% sentiram-se atraídos.
Dentre os demais itens, reforma do imóvel atingiu 26,19% das intenções de compras; livros 23,19%; computadores, acessórios e/ou software, 22,65% e móveis, 29,03%.
Gemepe - Desde fevereiro de 2007, o Grupo de Estudos do Macroambiente Empresarial de Pernambuco (Gemepe) acompanha e discute os efeitos dos investimentos estruturadores para a atividade produtiva dos diversos municípios da Região Nordeste e, mais especificamente, do Estado de Pernambuco.
As pesquisas já abrangeram desde o pólo de fármacos e hemoderivados de Goiana até a baixa competitividade de Pernambuco em relação ao mercado externo, passando por estudos sobre o torcedor pernambucano e os Índices de Compras da Região Metropolitana do Recife ICR/Fafire.