Do site da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor A má qualidade e alto custo dos serviços de telecomunicações, e redução de competição do setor, são pontos negativos, apesar da grande propagação de celulares.
Os dez anos da privatização das teles comemorados, nesta terça-feira, 29 de julho, tem o lado positivo da espantosa propagação do uso de telefones celulares, de acesso à Internet, e dos números expressivos de aumento dos usuários de telefonia fixa.
Mas a PRO TESTE Associação de Consumidores alerta que não se tem muito a comemorar pela ótica da qualidade e custo dos serviços prestados.
Além da forma como está ocorrendo a revisão do modelo que orientou o desenvolvimento do setor de telecomunicações, para atender interesses de grupos privados, e com o governo praticamente impondo a fusão da Brasil Telecom com a Oi.
Quanto menos oferecerem um serviço, mais caro e menos qualificado ele será.
E é isso que teremos com a concentração do mercado, com o governo permitindo a fusão de grandes empresas para operar os principais serviços de telecomunicações.
Os consumidores ficarão nas mãos de três grupos - Telefonica, Telmex e Oi, valia a PRO TESTE.
A Anatel, a agência que deveria regular as telecomunicações, dobra sua espinha às operadoras, em detrimento dos usuários.
Entre os aspectos negativos da década da privatização a PRO TESTE destaca o grande volume de recursos dos fundos de Universalização (Fust) e fiscalização das Telecomunicações (Fistel) que continuam sem ser utilizados para seus devidos fins.
O elevado custo das tarifas que limita o acesso aos serviços pelos mais pobres.
O valor cobrado pela assinatura básica na telefonia fixa, por exemplo, torna o telefone em casa um luxo, e empurra justamente as classes C e D para o celular pré-pago, cujas tarifas são até 100% mais caras do que o pós-pago.
E o consumidor continua sendo tratado com descaso, desrespeito e, em algumas situações, má-fé.
Tente cancelar um serviço de TV por assinatura ou de Internet banda larga rapidamente, por exemplo.
E há um serviço de péssima qualidade, instável, que não entrega o que promete: o acesso à Internet por banda larga.
Essa é uma ameaça ao desenvolvimento econômico brasileiro, em um mundo globalizado e conectado à web, basta lembrar o apagão do Speedy da Telefonica.
A privatização, não há qualquer dúvida, evitou que o Brasil ficasse na rabeira do uso das telecomunicações, pela incapacidade do Estado de investir os bilhões necessários, anualmente, para acelerar o atendimento à demanda de telefones fixos e celulares, e de acesso à web.
Por outro lado, agora no processo de fusão temos a empresa interessada no negócio a determinar o ritmo e o conteúdo das mudanças no setor de telecomunicações.
Hoje a construção e uso da rede de acesso à banda larga - os backhauls - estão nas mãos das concessionárias, que já são dominantes nos seguimentos de telefonia fixa e banda larga nos seus setores de atuação.
E com as mudanças elas poderão dominar também a área de televisão a cabo.
Deveria caber à Anatel dar tempo e condições efetivas para participação de todos os setores afetados nas audiências públicas que precedem à mudança no Plano Geral de Outorgas (PGO), mas não é o que vemos.
Foi dado pouco tempo para participação da sociedade nessa discussão (até 1º de agosto), o que compromete a ampliação da competição e o aprimoramento da defesa do consumidor no setor de telefonia fixa.
PS: Não perca amanhã, no Jornal do Commercio, o excelente caderno especial que a Editoria de Economia preparou com um balanço dos 10 anos, com textos de Giovanni Sandes e Renato Lima.