Brasília - A criação de uma força tarefa para garantir a segurança das eleições no Rio de Janeiro será discutida na próxima quarta-feira (30) pelos presidentes do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Carlos Ayres Britto, e do Tribunal Regional Eleitoral, Roberto Wider.

Hoje, após reunir-se com o presidente da Comissão de Segurança da Câmara, Raul Jungmann, Ayres Britto disse que os incidentes no fim de semana no Morro do Alemão, feriram a liberdade de imprensa e o direito dos candidatos de fazer campanha. “Tornaram-se vulneráveis a liberdade de imprensa e a autenticidade e a pureza do regime democrático representativo”.

No último sábado, traficantes da Vila Cruzeiro ameaçaram jornalistas que participavam da cobertura de uma caminhada do senador Marcelo Crivella (PRB), candidato a prefeito, pela principal via do local.

Armados com fuzis, eles obrigaram os repórteres fotográficos a apagar as fotos.

Brito também demonstrou preocupação com a possibilidade de candidatos terem a campanha financiadas pelo tráfico. “Isso está na linha de frente das nossas preocupações, porque é um segmento fora da lei.

Achando pouco encontrar-se fora da lei, ainda tenta projetar sua influência fazendo-se representar nas instâncias de poder.

Isso é de gravidade máxima”.

Hoje (28), Jungmann apresentou ao ministro Ayres Britto e ao procurador-geral da República substituto, Roberto Gurgel. a proposta de criação da força-tarefa.

Segundo o deputado, a intenção é coibir a participação do tráfico e das milícias nas eleições municipais de outubro, além de identificar os candidatos ligados ao crime organizado, com a participação articulada de polícias estaduais como a Polícia Federal. “Vejo lá duas missões.

Uma é recuperar o controle do território.

A segunda é identificar quem são os candidatos do tráfico e das milícias e aí a Polícia Federal, a inteligência, a Polícia Civil podem ter as informações, abrir inquérito e o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] impedir que os candidatos da milícia e do tráfico cheguem ao Legislativo e ao Executivo”, explicou Jungmann, ao chegar para a reunião.

No dia 24 o deputado Jungmann pediu à Polícia Federal que investigasse denúncias recebidas por ele de que milícias e traficantes estariam pressionando moradores de comunidades cariocas a votar em candidatos apoiados por eles.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou na semana passada que a Polícia Federal está à disposição da Justiça Eleitoral do Rio para investigar possíveis interferências de milícias e de quadrilhas do tráfico de drogas nas campanhas eleitorais da capital fluminense.

Ele explicou que para isso é preciso ter um pedido expresso das autoridades, que pode ser do governo do estado ou da Justiça Eleitoral.