A empresa Arrowplan garante que o sistema dos malotes anti-ladrão desestimulou os ataques a carros fortes porque nenhum dos envolvidos no transporte tem poder para abortar a destruição do dinheiro ou mudar o local de abertura. “Hoje o transporte de valores na Bélgica é feito em carros sem blindagem e até por mulheres desarmadas”, diz Paulo Vieira, presidente da Arrowplan, uma das empresas envolvidas em trazer o sistema ao Brasil. “Desde 98, quando implantamos o sistema, nossos carros não sofreram um só assalto”, conta o empresário, um economista brasileiro de 35 anos que emigrou para a Bélgica há 15.
O sistema é uma evolução dos malotes que jogam tinta nas notas - os assaltantes conseguiam maneiras de limpá-las e colocar de volta em circulação.
Na Bélgica, 40% da rede bancária usam o malote inteligente, além de alguns bancos na Alemanha, França, Holanda e Luxemburgo.
O custo não é baixo: Vieira estima que cada malote saia por US$2.000 a US$3.000 no Brasil.
Para equipar uma rede de 500 agências, o gasto oscila entre US$ 3 milhões e US$ 5 milhões. “Apesar do custo inicial, o sistema é mais econômico porque elimina as despesas com armas, munição e blindagem de veículos”, argumenta.
Segundo a empresa, na Bélgica, o sistema virou arma contra a violência.
O malote eletrônico que põe fogo nas notas quando interceptado pelos ladrões praticamente eliminou os assaltos a carros-fortes.
A tecnologia entrou em funcionamento na Bélgica em 1998.
Na ocasião, os ladrões usavam o arsenal de guerra proveniente das ex-repúblicas soviéticas.
Num rompante de ousadia, uma gangue empregou um minitanque para bloquear a estrada e atacar um carro blindado. “Foi preciso inteligência da tecnologia para reduzir o número de armas”, diz o pernambucano Paulo Vieira, presidente da Arrowplan, empresa com sede em Louvain-La-Neuve, na Bélgica.
A multiplicação de assaltos em território belga tem motivo.
Oito vezes menor em área do que a cidade de São Paulo, com quase a mesma população e renda per capita cinco vezes maior, o País é a capital administrativa da União Européia.
E faz fronteira com França, Holanda, Alemanha e Luxemburgo, o que facilitava a fuga dos ladrões.
Além do malote inteligente, a Europa tentou esguichar tinta para destruir as notas.
Com o tempo, surgiram antídotos para remover as manchas.
Só no ano passado, os bancos brasileiros gastaram R$ 1,5 bilhão em segurança física das agências.