Por Sergio Goiana Com o inicio da era neoliberal no Brasil nos anos 90, os serviços públicos – a saúde, educação, previdência, assistência social, entre outros – têm sido precarizados de forma acentuada, com a ausência de concursos públicos, corte de verbas, falta de profissionais, descaso das autoridades e terceirizações.
Vários projetos tem sido encaminhados ao Congresso Nacional para viabilizar o que consideramos ser o fim do serviço público de qualidade no Brasi.
Há 13 anos, a saúde no Brasil continua na UTI, agonizando.
Como analisar e compreender toda esta complexa realidade do setor de saúde no país?
Para que possamos analisar a realidade hoje existente é necessário conhecer os determinantes históricos envolvidos neste processo.
Assim como nós somos frutos do nosso passado e da nossa história, o setor de saúde também sofreu as influências de todo o contexto político-social pelo qual o Brasil passou ao longo do tempo.
Observamos que o compromisso dos governantes que lidam com a saúde pública da população está muito longe de torna-se uma realidade, se não vejamos: as emergências superlotadas, pacientes em longas filas de espera, outros atendidos no chão, profissionais de saúde sem condições de trabalho, falta recursos humanos, medicamentos, equipamentos e investimentos.
Para completar ainda existem denúncias de desvios dos recursos financeiros destinados ao setor.
Há muito tempo que saúde pública no Brasil é um caos.
Todavia, pergunto a quem interessa a continuidade desse descaso, sucateamento ? É grande o crescimento da indústria da saúde.
Cada vez mais a população está à mercê de fazer um sacrifício no combalido orçamento doméstico, tendo que deixar reservado um dinheiro para custeio das despesas com a saúde privada, enquanto milhões de brasileiros morrem por falta de UTIs, outros não conseguem atendimento médico, a marcação de consultas são realizadas após meses de espera, num verdadeiro desrespeito à população.
Além de ampliar a estrutura dos hospitais públicos, os governos devem oferecer condições de trabalho e salários aos servidores que estão com a responsabilidade de atender os pacientes em geral.
A situação é caótica, urgente.
Os hospitais da rede pública pública, inclusive, os universitários estão no limite da sua capacidade em muitas cidades brasileiras.
O Recife não é uma exceção.
Hoje, o retrato que choca é a falta de vagas na UTI, corredores superlotados,pacientes atendidos no chão ou em cadeiras, falta de profissionais (médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, etc) e o povo pagando com a própria vida.
Outro problema são as doenças chamadas de reemergentes como cólera, dengue, febre amarela, tuberculose, entre outras, que em pleno século XXI também atormentam milhões de brasileiros.
Uma vergonha!
Em nosso país o exemplo mais gritante é, sem sombra de dúvida, a epidemia de dengue e a falta de uma coordenação adequada, por parte da saúde pública, em particular do Governo Federal, bem como dos Estados e Municípios o que gerou um número de óbitos bem acima do que é aceitável pela OMS (Organização Mundial de Saúde.
Isso precisa acabar! É possível sim mudar esse quadro de calamidade pública que se encontra a saúde no Brasil. É evidente que precisa-se de investimentos em vários níveis, todavia não serão suficientes se não houver comprometimento com as verdadeiras mudanças.
Precisamos de recursos humanos, condições de trabalho, mas acima de tudo dignidade no tratamento de homens, mulheres e crianças que chegam nos hospitais da rede pública de saúde.
Para resolver tantos problemas é necessário ter vontade política antes de tudo e depois a capacidade de diálogo com os trabalhadores e as entidades representativas.
PS: Sergio Goiana é presidente da CUT-