A impunidade para os crimes de colarinho branco deve crescer e o futuro é uma Justiça de faz de conta.
A afirmação é do juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo.
Ele foi o responsável pela prisão do banqueiro Daniel Dantas, do ex-prefeito da capital paulista Celso Pitta e do investidor Naji Nahas.
De Sanctis foi também protagonista do mal-estar com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes.
De Sanctis mandou prender o banqueiro Daniel Dantas por duas vezes e o ministro Gilmar Mendes mandou soltá-lo nas duas.
Para Gilmar Mendes, De Sanctis desrespeitou decisão do Supremo ao mandar prender de novo Dantas.
Após o episódio, associações de juízes, procuradores e advogados se dividiram entre defender Gilmar Mendes e De Sanctis.
Durante entrevista à jornalista Soraya Aggege, publicada pelo jornal O Globo neste domingo (20/7), De Sanctis critica as recentes mudanças do Código de Processo Penal que, para ele, abrandaram a pena para os crimes de colarinho branco e estão inviabilizando processos na primeira instância.
Para De Sanctis, as mudanças estimulam o juiz de primeira instância a dar qualquer tipo de decisão, mesmo que sem qualidade. “Ora, a decisão que tomei neste caso (Satiagraha), que foi de muito fôlego, para a Justiça estatisticamente não produziu nada.
Para os efeitos estatísticos do tribunal, do STJ e STF, o que vale é quantas sentenças o juiz deu”, reclamou o juiz.
Na entrevista, ele afirma que a PF tem meios para acabar com o crime organizado e discorre também sobre Justiça para ricos e Justiça para pobres.