Para formar o preço do seguro do carro, as seguradoras usam um percentual para batidas em torno de 20% do valor total. É com esta margem que as empresas irão reduzir o valor das apólices devido ao impacto da ‘lei seca’ para motoristas, que já diminuiu em cerca de 50% o índice de batidas violentas.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo (Sincor-SP), Leoncio de Arruda, as seguradoras serão obrigas a repassar ao consumidor uma redução entre 10% e 20% do preço das apólices por causa da concorrência acirrada no setor. “Existem 45 seguradoras que trabalham com seguro de automóveis no Brasil.
Só 30% da frota tem seguro. É uma concorrência muito grande”, observa. “A empresa que não reduzir os preços não vai vender”, ressalta.
Segundo Arruda, a redução atingirá a faixa estária em que o seguro caro: a dos jovens de até 30 anos. “Quem ocasionava esses acidentes eram os jovens até 30 anos e esses jovens normalmente são de poder aquisitivo um pouco melhor”, observa.
O corretor Ragime Torii, da CRJ Corretora de Seguros, em Santo André (Grande São Paulo), alerta que a queda nos valores só irá acontecer daqui a, pelo menos, seis meses. “É quando será feita a reavaliação estatística dessa ocorrência, que apontará se diminuiu o índice de sinistro”, explica Torii.
Segundo o corretor, o consumidor não deve comemorar ainda, já que se houver alguma mudança na lei, o cenário será outro. “Há muita pressão sobre essa ‘lei seca’, é muito cedo para falar em queda no valor das apólices”, ressalta.
Ragime Torii explica que o fator que mais conta na avaliação da apólice é o roubo. “Um seguro que cobre somente roubo e incêndio custa 60% do valor do seguro total.” A “bondade” das empresas de seguro em reduzir os preços é explicada pelo novo cenário que enfrentam.
Apesar de o número de apólices ter aumentado com o boom nas vendas de carro novos, a lucratividade do negócio caiu.
O presidente da Sincor-SP afirma que a época de aumento de preços de seguro acabou. “O preço das apólices reduziu no ano passado.
A margem de lucro do negócio caiu a ponto de a maioria das empresas registrarem prejuízo.
Entretanto, o volume permitiu o lucro financeiro”, explica.
Para retomar a lucratividade, as empresas querem aumentar o número de apólices.
Segundo Arruda, a meta é atingir 50% da frota em cinco anos.
O volume também afeta o desempenho da empresa por causa do ranking. “Ela prefere perder dinheiro a ranking, porque compensa nas outras carteiras como saúde e previdência, que são mais rentáveis”, diz Leoncio Arruda.
Do G1