Impunidade sem limites Por José Dirceu A audácia e a certeza da impunidade não têm limites na Polícia Federal (PF).

Além de vazar todo o inquérito, manipula à vontade informações recolhidas com os grampos, como mostra reportagem publicada hoje pelo jornal O Estado de S.

Paulo.

Ao revelar um encontro de Luiz Eduardo Greenhalgh comigo, ocorrrido em Brasília, tenta vinculá-lo ao Palácio do Planalto num malabarismo que só engana incautos, mas ardiloso o suficiente para criar confusão e jogar fumaça sobre o caso.

Evanise Santos é minha namorada e nessa condição foi procurada por Greenhalgh, e não como funcionária da Presidência da República, como insinua o delegado no inquérito, embora nada na conversa lhe permita chegar à essa conclusão.

O delegado sabe, porque monitorou a vida do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh nos últimos meses, que foi ele que solicitou um encontro comigo.

Sabe ainda, em função dos grampos, que nada tenho a ver com o caso nem com os personagens envolvidos na Operação Satiagraha, mas fez questão de vazar o telefonema entre Greenhalgh e minha namorada.

Por quê?

Essa é uma pergunta cuja resposta eu gostaria de saber.

Mais ainda: diz a reportagem que a PF sugere a existência de uma rede de tráfico de influência “em benefício dos negócios ilícitos de uma organização criminosa”. É uma acusação de extrema gravidade envolver meu nome, mesmo que supostamente, em tal situação, já que a PF não tem nenhum indício, muito menos prova, de que o advogado Greenhalgh tenha conversado comigo sobre seu cliente sr.

Daniel Dantas, o que de fato não ocorreu.

O delegado responsável pelo inquérito da Operação Satiagraha, assim como os profissionais da PF nela envolvidos, também sabem que, em 28 anos em que milito no PT – 12 dos quais como secretário geral e presidente - , convivi com praticamente todos os parlamentares e dirigentes do partido.

Portanto, tenho relações históricas com Luiz Eduardo Greenhalgh.

Mas ao contrário do que disse a PF ao Estadão, como registra a reportagem de hoje - Luiz Eduardo Grenhalgh, “(é) intimamente ligado ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu” - não sou “intimamente” ligado ao advogado.

Basta que rodem novamente a fita dos grampos para constatar que não tenho ligação profissional com Greenhalgh e que, apesar de sermos amigos e do mesmo partido, nos últimos dois anos poucas vezes nos falamos.

Não participo da direção do PT e nem de sua bancada parlamentar.

Desde que fui cassado, limito-me a fazer meu blog e a viajar para os Estados onde faço debates e palestras.

Fora isso, só participo de assuntos políticos do PT quando demandado.

Repito que não tenho nenhuma relação com os fatos investigados.

Lamento que mais uma vez busquem ligar meu nome e minha atuação a fatos investigados com os quais nada tenho a ver e protesto contra essa violação dos meus mais elementares direitos de cidadão.