Do Blog de José Dirceu A mídia vai aos poucos transformando a prisão de Daniel Dantas e toda a investigação a partir da operação Satyagraha em uma ação contra o governo.

Rapidamente desaparecem os crimes sobre o quais banqueiro é acusado, Naji Nahas e Celso Pita somem, e tudo se dirige contra a administração federal petista.

O que predomina agora no noticiário é o conflito entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a magistratura, a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF).

Secundariamente, entram o Ministro da Justiça e suas pirotecnias verbais.

Redirecionou-se tudo e de novo o que interessa é atingir o governo Lula e o PT.

No meu caso, a imprensa, com base na irresponsabilidade do delegado que preside o inquérito, tenta me envolver só porque me encontrei com Luís Eduardo Greenhangh em Brasília.

Age nesse sentido sem nenhum indício ou prova de que eu tenha qualquer ligação com os fatos e apesar de toda a intensa investigação feita para me enredar nessa história.

O delegado diz que sou “intimamente” ligado ao advogado Greenhalgh e vaza para a imprensa a gravação de um telefonema de minha namorada com ele marcando um encontro comigo.

O mais grave é a tentativa de me vincular a contratação do advogado Antonio Carlos Almeida Castro pela Brasil Telecom (BrT) ou pelo banco Opportunity.

Caímos no mais puro Estado policial.

Basta alguém ser amigo de outro ou ter um encontro para ser vinculado a uma suposta “rede de tráfico de influências”, mesmo quando todo inquérito e todas as provas indiquem o contrário e não apontem nenhuma relação com os fatos investigados.

Obsessão contra mim não leva a nada Essa obsessão contra mim não levou a nada até agora.

Já tentaram me envolver nas investigações do caso MSI-Corinthians, e chegaram ao abuso de autoridade de quebrar meu sigilo telefônico e de mais cinco pessoas.

Nada provaram por que eu nada tinha com os fatos investigados.

Depois veio a tentativa fugaz de me vincular às investigações sobre o o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP).

Na seqüência, a violência de a PF criminosamente vazar, e ser exibido no Jornal Nacional da Rede Globo, o vídeo confessadamente montado pelo prefeito de Juiz de Fora, preso acusado por vários crimes, e onde ele, de maneira indevida, me cita.

A PF não descobriu em toda a investigação para prendê-lo nada que me ligue a ele ou aos fatos.

Agora sou de novo citado numa escandalosa e covarde ação da polícia.

Sem provas e sem indícios, citam-me no inquérito sobre Daniel Dantas e insinuam que tenho ligações com os fatos investigados.

Basta ler o inquérito e as gravações dos grampos telefônicos para constatar que não tenho nada a ver.

Dessa forma, vamos caminhando, sim, para a ilegalidade e o abuso de autoridade, para a impunidade e a arbitrariedade, para a violação dos mais elementares e universais direitos individuais e garantias constitucionais.

Essa é a verdade.

O pior é a aberta e descarada operação para jogar no colo do governo uma ação que acontece exatamente porque o presidente Lula e o PT governam o país.

Jamais em tempo algum se combateu tanto a corrupção e o crime organizado quanto nesse governo.

Não há mídia e manipulação de inquéritos que apaguem isso da história do país.

Mas o fato é que o quadro administrativo-político-institucional criado é ruim para o país e não pode continuar.

Há necessidade de se superar essa crise com medidas legais que garantam a continuidade do trabalho da polícia e do MP, mas ao mesmo tempo reprima o abuso de autoridade e o vazamento de informações sigilosas, além dos grampos ilegais e desnecessários.

Sem contar a pirotecnia, com a violência abusiva e a exposição e constrangimento ilegais de suspeitos e investigados que nem sequer são réus ainda. É preciso por um fim a tudo isso, e também ao evidente favoritismo a determinados jornalistas e emissoras de TV, além do cada vez mais comum abuso nas relações entre o MP, a PF e juízes na execução de operações contra determinadas pessoas e empresas.