A cúpula da Polícia Federal pode afastar das investigações nesta semana o delegado Protógenes Queiroz , responsável pelo inquérito que embasou o pedido de prisão do banqueiro Daniel Dantas e companhia na semana passada.

O delegado-geral Luiz Fernando Corrêa e alguns chefes de departamento da PF, contrariados com o modo como Protógenes conduziu as ações que levaram à Operação Satiagraha, esperam apenas por mais um deslize do delegado para eliminá-lo dos desdobramentos do caso, segundo informa uma reportagem publicada neste domingo pelo jornal Folha de S.Paulo.

De acordo com a cúpula da PF, Protógenes cometeu três excessos: a permissão à TV Globo para filmar as prisões na terça-feira; o pedido de prisão da jornalista Andréa Michael, da Folha, negado pela Justiça Federal; e, principalmente, uma série de atos de insubordinação que incluíram a participação clandestina de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na sua investigação.

O mesmo Tarso elogiou o trabalho “muito bem-feito, com momentos de infiltração de alta qualidade e apuração técnica rigorosa” do delegado Protógenes, em entrevista publicada neste domingo também pela Folha.

Na mesma entrevista, contudo, o ministro admite a possibilidade do afastamento de Protógenes. “Houve flagrante violação do manual de conduta”, disse Tarso sobre a ação do delgado. “Isso deixou Luiz Fernando [Corrêa, delegado-geral e chefe de Protógenes] constrangido, porque este manual foi discutido, o respeito ao indivíduo, por mais suspeito que seja.” Banda podre – A infiltração de homens da Abin sem que os superiores de Protógenes fossem informados é resultado direto da influência exercida por Paulo Lacerda – ex-diretor da PF e atual diretor da Abin – numa banda ruim da PF.

Lacerda odeia Dantas porque o banqueiro mandou a empresa Kroll espioná-lo em 2004.

Suas impressões digitais foram vistas na organização e no deslanche da Operação Satiagraha.

O delegado Protógenes confiou a espiões da Abin parte do trabalho de vigilância e monitoramento dos suspeitos.

A estratégia de ação e o resultado das diligências eram compartilhados apenas por Protógenes e por Paulo Lacerda.

A explicação para isso: os superiores do delegado atuariam no interesse de Dantas.

Segundo a teoria conspiratória, o delegado-geral Luiz Fernando Corrêa foi alçado ao posto por pressões de políticos ligados a Daniel Dantas, e sua missão seria acabar com todas as investigações contra o banqueiro.

Suspeitando de tudo e de todos, Protógenes recorreu à Abin para ajudá-lo na investigação e mandou recados a colegas seus da PF de que tinha provas e gravações que mostravam que eles estavam trabalhando a favor de Dantas.

Não se sabe que provas são essas e nem se elas efetivamente existem.

Em público, Corrêa elogiou e defendeu o trabalho da polícia, mas, assim como o ministro da Justiça, Tarso Genro, eles só souberam da operação quando ela já estava em andamento.