A “mídia” também é inimiga Os espasmos ideológicos do inquérito da Polícia Federal são particularmente violentos nas partes dedicadas à “mídia” – expressão preferida pelos inimigos da liberdade de expressão quando se referem à imprensa.

O delegado Protógenes chegou a pedir a prisão da repórter Andréa Michael, do jornal Folha de S.Paulo, porque ela noticiara, em abril, a existência de uma operação em curso para prender Daniel Dantas.

De acordo com o delegado, que a ela se refere como “travestida de correspondente na cidade de Brasília”, isso teria dificultado a ação policial.

Problema seu, doutor Protógenes, se a PF foi incompetente para manter o segredo da operação.

O que não pode, numa democracia, é punir o mensageiro porque ele fez o seu trabalho.

No inquérito, há menções a conversas que Dantas e Nahas teriam mantido com outros jornalistas da Folha, do jornal Valor Econômico, das revistas Época e IstoÉ Dinheiro.

As referências a VEJA são sórdidas e especialmente desprovidas de evidências mínimas – porque, de fato, elas não existem.

Em várias passagens, o delegado Protógenes tenta estabelecer uma ligação entre a revista e Daniel Dantas.

Não apresenta uma única prova e, pior, distorce as provas em contrário.

O inquérito contém uma gravação em que um dirigente da empresa de Daniel Dantas ameaça entrar com ação judicial contra uma reportagem de VEJA intitulada “A guerra nos porões”.

A “análise” do delegado procura deliberadamente e sem sucesso falsificar o sentido da informação.

O desvario de Protógenes em relação à imprensa é tamanho que o juiz Fausto de Sanctis o ignorou em seu relatório.