Por Mendonça Filho* Oficialmente nossa caminhada começou no último domingo.

Digo “oficialmente” no sentido jurídico, uma vez que foi a data estipulada pela Justiça Eleitoral para que os candidatos pudessem ir às ruas como tais.

Mas meu diálogo com o povo do Recife vem de muito tempo, desde que comecei minha carreira política.

Nasci no Recife, cresci, fiz amigos, formei família e educo meus filhos aqui.

Quando governador trabalhei por todo o Estado e pela minha cidade com projetos inovadores como os Centros de Ensino Experimental e o Porto Digital.

Há cerca de um ano, decidi intensificar o contato pessoal como o povo do Recife e percorrer a cidade para ouvir o que se espera de uma administração pública municipal.

Percorri durante esse tempo uma cidade de contrastes, bela, mas que carece de um olhar mais sensível para os reais problemas da maioria da sua população.

E para marcar o início oficial da nossa campanha decidi por um exemplo que me pareceu emblemático do meu compromisso com a minha cidade: o bairro dos Coelhos.

Ali, em condições inaceitáveis de habitação, saneamento e acesso a serviços públicos de educação e saúde, vivem cerca de 7 mil pessoas.

Espremidas entre o rio e a cidade “desenvolvida”, essas pessoas ainda clamam por um real cuidado.

Nos Coelhos, 25% dos adolescentes entre 15 e 17 anos estão fora da escola, quando a média do Recife é de 15%.

Lá o rendimento médio líquido é de R$ 180, menos da metade de um salário mínimo.

Nos Coelhos 30% das pessoas não alcançam os 60 anos.

Trata-se de um lugar que pede socorro.

Ouvi vários desses pedidos de socorro durante a caminhada do último domingo.

Relatos desesperados de mães que perderam os filhos para a criminalidade e de outras que estavam com medo de que isso acontecesse aos jovens do local.

Pequenos comerciantes que reclamavam do precário estado das vias e dos acessos ao bairro, o que atrapalha sensivelmente o comércio.

Jovens cuja única coisa que pediam na vida era a oportunidade de estudar e trabalhar.

A falta de saneamento provoca o avanço de doenças de pele e verminoses.

Doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez precoce têm, nos Coelhos, ocorrências alarmantes. É para mudar essa realidade que nossa campanha pretende trabalhar.

Temos propostas práticas para cada problema enfrentado pela comunidade.

Nossa grande marcha pela educação pode levar aos Coelhos, bem como a várias outras localidades, a Escola em Tempo Integral, aproveitando o espaço do Centro Social Urbano, hoje degradado.

A ampliação e a criação de outra creche é um compromisso que assumi com as mães do bairro.

Para os alunos da rede pública teremos o Poupança Educação, uma ampliação do Bolsa Família no sentido de complementar a renda das famílias que mantiverem os filhos da escola e com bom rendimento.

O projeto Jovem Campeão, uma vez implantando, daria oportunidade da prática de esportes a vários jovens, afastando-os dos flagelos do crime e das drogas que, infelizmente, rondam a juventude.

Os moradores dos Coelhos - como todos das demais comunidades pobres do Recife - têm orgulho de onde vivem.

Não pretendem sair de lá, apenas desejam o óbvio: que sua amada comunidade seja olhada com mais carinho e sensibilidade por quem ocupa as cadeiras do poder.

Por que razão o poder público municipal ainda não acordou para isso, eis uma pergunta que precisa de resposta.

E, uma vez respondida a questão da inoperância, é hora de trabalhar para um futuro melhor.

Para os Coelhos, para o Ibura, para o Coque, para o Chié, para o Totó.

Para todo o Recife, priorizando os mais pobres e mais carentes.

O meu compromisso com o Recife é fazer mais e melhor para que a nossa cidade tenha cada vez mais qualidade de vida.